Mapa antigo contendo os caminho do Norte da Europa para Santiago de Compostela |
Após a queda
do Império Romano e, pelo menos, até ao século X, as artes europeias
reflectiram, na sua evolução, as consequências da depressão material, técnica e
cultural que atingiu todo o Ocidente nesse período, assim como as da
descentralização social e político-militar e as da barbarização dos modos de
vida das novas classes dirigentes, as aristocracias guerreiras de origem
germânica. Por isso, as características romano-helenísticas da arte do
Baixo-império foram-se adulterando, sobretudo, pela introdução de novas
características estilísticas e estéticas provenientes dos gostos e tradições
dos vários povos invasores (Germanos, Muçulmanos, Normandos, Eslavos…), gerando
grande diversidade regional.
Contudo, esta
diversidade foi principalmente de carácter técnico-artístico e teve a sua maior
expressão nas artes decorativas, já que nas artes ditas “maiores” a influência
do cristianismo foi impondo, à medida que se expandia, uma crescente uniformização dos temas. Na iconografia e na expressividade.
Quando o
estilo Românico desperta, entre os séculos IX a XI, reflecte ainda essa
multiplicidade de influências que, partindo da matriz antiga – a herança
clássica -, nele se harmonizaram num todo coerente.
Analisemos as
suas principais raízes.
A arte paleocristã
Dá-se o nome
de arte paleocristã às expressões artísticas dos primeiros cristãos que
decorreram entre o ano 200 e o século VI, correspondendo ao período de expansão
do cristianismo, primeiro na clandestinidade e depois, já em liberdade. Essas
manifestações artísticas abrangeram uma vasta área geográfica (do Próximo
Oriente assírio ao Ocidente europeu) e possuíram grande diversidade regional.
Apesar disso,
ostentam alguns traços estruturais
comuns, como: o uso dos modelos estilísticos da Roma clássica; a
assimilação de novos processos técnicos, formais e estéticos oriundos do
Oriente; e a subordinação ao espírito e às temáticas do cristianismo.
Na
arquitectura, o principal esforço centrou-se na procura de uma tipologia para o
templo cristão que pretendia ser, simultaneamente morada de Deus, recinto de
culto e local de reunião da comunidade dos fiéis, o que impôs novas exigências
construtivas.
As primeiras igrejas construídas obedeceram a dois
modelos:
- O de planta
centrada, de influência helenística e oriental, com formas circulares,
octogonais ou em cruz grega, e coberturas em cúpula e meias cúpulas;
- E o de
planta basilical (inspirado nas basílicas romanas), em cruz latina, com três ou
cinco naves separadas por arcadas e/ou colunatas e cobertas por tectos em
madeira,
Esta ultima
foi o modelo mais característico, que se tornou dominante após o século V no
Ocidente, influenciando decisivamente toda a evolução artística seguinte, até
ao Românico.
Baptistérios e mausoléus adoptaram preferencialmente a
planta centrada e com cúpulas sobre a sala central.
Exteriormente
pobres, as primitivas igrejas cristãs animavam-se internamente graças à
decoração pictórica, a fresco ou em mosaicos, de belas e vivas cores e sentido
pastoral.
A arte bizantina
Designa-se por
arte bizantina a que provém do ex-Império Romano do Oriente que durou entre 395
e 1453. O nome advém-lhe da sua capital, a cidade de Bizâncio, reedificada por
Constantino, em 330, e apelidada de Constantinopla. Na época do imperador
Justiniano I (527-565), quando Roma e o Ocidente do Império haviam já sucumbido
face aos invasores Germanos, a cidade de Bizâncio e a sua corte foram
protagonistas de um novo esplendor político e cultural.
A cultura
bizantina uniu criativamente influências helenísticas, judaicas e cristãs (do
cristianismo ortodoxo) com outras provenientes do Oriente antigo, sobretudo
egípcias, sírias e persas.
O exemplo mais
famoso desta arquitectura é a Igreja de Santa Sofia de Constantinopla.
No Ocidente, é
possível encontrar monumentos representativos desta arte na cidade de Ravena,
Itália (que, no século VI, foi sede de um importante exarcado bizantino), como
são exemplo as igrejas de Santo Apolinário, o Novo, e de São Vital.
Os renascimentos carolíngio e otoniano
A arte dos
invasores germânicos (Vândalos, Suevos, Godos, Visigodos, Francos, Lombardos e
outros) marcou a produção artística do Ocidente cristão durante toda a Alta
Idade Média.
Os Francos
adquiriram papel de destaque a partir do século VIII, quando Carlos Magno
procurou restaurar a antiga unidade imperial no Ocidente. Este procedeu a
reformas administrativas e religiosas, lançando o renascimento cultural e artístico que teve como foco difusor a sua
própria corte em Aix-La-Chapelle (actual Aachen, na Alemanha). A arte
carolíngia inspirou-se nas tradições romanas, a que associou as influências
bizantinas (uso de plantas centradas e cúpulas) e as germânicas (na arte
decorativa e móvel).
O
fraccionamento do Império Carolíngio pelos sucessores de Carlos Magno permitiu
o aparecimento, no século X, de um novo potentado no centro-leste europeu, o de
Otão I, o Grande, rei da Saxónia (Alemanha) entre 936 e 973.
A sua acção
política e militar fez com que o Papa João XII lhe atribuísse, em 962, a dignidade imperial,
fundando o Sacro Império Romano-Germânico. Otão desenvolveu também a cultura e
a arte (renascimento otoniano).
A arquitectura românica
A hegemonia da arquitectura religiosa
Arte Românica foi o primeiro estilo
internacional da Idade Média e resultou da mistura de influências provenientes
da Antiguidade romana pagã, do Oriente bizantino e das artes germânicas
trazidas pelas grandes invasões. Estas influências foram-se absorvendo e
amalgamando entre os séculos IX e XII, numa arte amadurecida que se espalhou
por toda a Europa, apesar de englobar numerosas variantes regionais.
O esplendor
atingido pelo Românico e a sua rápida expansão geográfica são o reflexo da
conjuntura de renovação e crescimento que então se viveu em toda a Cristandade:
o clima de maior estabilidade político-militar proporcionado pelo fim das
grandes invasões (século X) e pela reorganização administrativa levada a cabo
pelas primeiras monarquias feudais; o despertar da economia com o renascer da
agricultura excedentária e do comercio; o crescimento urbano e o incremento das
deslocações e viagens, após séculos de isolamento e imobilidade.
Para a grandeza do Românico também contribuiu o maior ferver religioso que se espalhou nas populações aquando da passagem do Ano Mil, altura para a qual muitos sábios e profetas previam grandes cataclismos anunciadores do Juízo Final, o fim dos tempos. Este sentimento de fé e temor religioso fez crescer a prática das peregrinações aos locais santos como Jerusalém, Roma, Santiago de Compostela ou outros, possuidores de relíquias sagradas ou túmulos de santos, mártires e bispos. A igreja, principalmente as ordens religiosas, aproveitaram esta nova religiosidade para incrementar a Fé, mandar construir igrejas, santificar a pratica das peregrinações e lançar as Cruzadas.
Para a grandeza do Românico também contribuiu o maior ferver religioso que se espalhou nas populações aquando da passagem do Ano Mil, altura para a qual muitos sábios e profetas previam grandes cataclismos anunciadores do Juízo Final, o fim dos tempos. Este sentimento de fé e temor religioso fez crescer a prática das peregrinações aos locais santos como Jerusalém, Roma, Santiago de Compostela ou outros, possuidores de relíquias sagradas ou túmulos de santos, mártires e bispos. A igreja, principalmente as ordens religiosas, aproveitaram esta nova religiosidade para incrementar a Fé, mandar construir igrejas, santificar a pratica das peregrinações e lançar as Cruzadas.
A acção da
Igreja foi fundamental no surgimento deste estilo artístico, do qual foi a
principal encomendadora e até mentora, (alguns clérigos foram os autores dos
projectos e riscos de muitas construções), logo seguida pelas cortes reais e
senhoriais do regime feudal vigente. Assim, a Arte Românica serviu a majestade
do poder religioso e do poder político e foi feita para glória de ambos.
A arquitectura
religiosa do Românico legou-nos dois tipos de edifícios: os mosteiros e as
igrejas.
As igrejas
O Românico
deixou-nos vários tipos de igreja que vão das modestas capelas rurais às dos
grandes centros de peregrinação, passando pelas catedrais (isto é, pelas
igrejas que contêm a cátedra, a cadeira ou trono dos bispos), geralmente
erigidas nas cidades.
As mais ricas,
estilisticamente falando, foram as igrejas abaciais ou monacais, pertencentes
às ordens religiosas e integradas nos mosteiros ou conventos. Contudo, variando
no tamanho e na riqueza decorativa, todas elas ostentam elementos comuns que
caracterizam o estilo e que ficaram definidos a partir do século XI.
Nas plantas,
apesar da grande variedade regional, as igrejas românicas seguiram dois modelos
principais:
- A planta centrada (cruz grega, hexagonal,
octogonal, ou circular), de influência oriental e muito pouco usada;
- A de tipo basilical, em cruz latina (com
três, cinco ou sete naves), a mais divulgada.
Neste ultimo
modelo, sempre orientado no sentido este-oeste, a nave principal é mais alta e mais larga que as laterais; o
comprimento da igreja é um múltiplo da largura da nave central e a largura das
naves laterais um submúltiplo daquela. A métrica espacial é fundamental para a
definição deste estilo.
As naves
atravessadas, no lado nascente, por uma outra, de sentindo norte-sul, o transepto, que pode ser de uma só nave
ou tripartido como o corpo da igreja. No ponto de cruzamento encontra-se o cruzeiro, espaço encimado pela torre lanterna ou zimbório, que faz parte do sistema de iluminação e arejamento da
igreja. No lado nascente do transepto, abrem-se um ou dois absidíolos que, por vezes, eram colocados no alinhamento das naves
laterais.
No alinhamento
da nave principal, após o cruzeiro, situa-se a abside principal que contém a capela-mor com o altar. A circundar a
capela-mor está o deambulatório,
espécie de corredor ou nave curvilínea que prolonga as naves laterais. Este
contém, geralmente, três a cinco capelas radiantes, absidiais ou absidíolos que forma, conjuntamente com
a abside e o deambulatório, a cabeceira.
As capelas radiantes serviam para instalar os altares secundários.
Esta
disposição permitia a realização de mais ofícios religiosos ao mesmo tempo e
prestava-se, igualmente, ao andamento das procissões e vias-sacras. Na
capela-mor havia uma parte exclusivamente dedicada à comunidade clerical, o coro.
As igrejas de
peregrinação possuíam, ainda, a cripta, que se situava abaixo da cabeceira e
que continha os restos mortais ou as relíquias dos santos.
Em alguns
casos, a igreja românica é precedida por um nártex ou por um átrio. O nártex servia de vestíbulo à catedral e
constitui uma reminiscência das primitivas basílicas cristãs; destinava-se a
abrigar os catecúmenos (não baptizados), os energúmenos (possuídos do demónio)
e os penitentes. Já o átrio era um
recinto aberto espécie de pátio quadrangular rodeado por quatro alas abobadadas
e colunadas.
Consoante as
regiões, as igrejas podiam apresentar, ainda, uma ou duas torres sineiras a ladearem a fachada principal.
As igrejas
românicas, como cobertura, usaram as abóbadas em pedra, para evitar os tectos
de madeira sujeitos a incêndios. O arco estruturante das abóbadas românicas foi
o arco romano ou o arco de volta inteira ou perfeito, que corresponde
geometricamente a metade de uma circunferência; a abóbada por ele formada é
denominada abóbada de meio canhão, de
pleno cintro ou de berço e é a
cobertura mais vulgar da nave principal destas igrejas. Para as naves laterais,
mais baixas, utilizavam-se abóbadas de
aresta, conseguidas pelo cruzamento ortogonal de duas abóbadas de berço, da
mesma dimensão e ao mesmo nível. Nas igrejas sob a influência oriental, as
abóbadas foram, por vezes, substituídas por sucessões de cúpulas. E, tal como naquelas, a cada cúpula corresponde, em
planta, uma área quadrada.
O problema
técnico que se colocou na construção destas igrejas foi a passagem do quadrado
da planta para a semiesfera cupular, o que foi resolvido por meio de trompas e de pendentes.
Cada abóbada e
cúpula, com os seus elementos de descarga de forças, formam unidades rítmicas –
os tramos -, assinalados na planta e
perceptíveis nos alçados e nas volumetrias do edifício.
O tramo é
definido transversalmente por dois arcos
torais, ou dobrados; longitudinalmente, por dois arcos formeiros, que
separam a nave principal das laterais; e por arcos cruzeiros, que
formam as arestas ou nervuras da abóbada.
A pressão
continua exercida pela abóbada ou pela cúpula da nave principal é descarregada,
através dos arcos para os pilares e
colunas que dividem as naves no interior da igreja, e transmitida, igualmente,
para as naves laterais, e destas para as paredes exteriores do edifício. Assim,
as naves laterais, também ajudam a escorar a abóbada principal. Finalmente, a
pressão exercida pelas abóbadas laterais é transmitida para as paredes
exteriores do edifício.
Estas forças
exigem paredes grossas e com poucas
aberturas, e o apoio de contrafortes adossados e chanfrados, situados exteriormente
no mesmo alinhamento dos pilares.
Os pilares situam-se no interior da
igreja, no ponto de charneira e dois tramos. São normalmente compostos e
cruciformes, possuindo um colunelo, ou pilastra, adossado por cada um dos arcos
definidores de um tramo. Na sua forma mais complexa, que corresponde à
utilização de abóbadas de aresta em todas as naves, cada pilar ou coluna
suporta, só do lado da nave principal, cinco arcos de abóbada: um dobrado ou
toral, dois formeiros e dois cruzeiros de duas abóbadas contíguas, que
correspondem a cinco colunelos. Pilares e colunas formam uma espécie de cortina
separadora entre as naves, constituindo um elemento rítmico, que atribui a cada
igreja uma métrica peculiar.
Alçado interno da nave principal
Para além da
divisão provocada pelos tramos da nave principal, que tem como consequência a
repetição constante de um conjunto de elementos na horizontal, o alçado interno da nave possui uma
organização vertical, tri ou quadripartida, constituída por:
- Arcada principal, que separa a nave
central das laterais e é formada usualmente por pilares ou pilares e colunas;
- Tribuna, espécie de galeria
semiabobadada sobre a nave lateral, aberta para a nave central, que faz a
descarga das forças para a parede exterior. Destinava-se às mulheres que iam
sozinhas à igreja;
- Trifório, corredor estreito que abre
para a nave central por um conjunto de dois, três ou mais arcos por tramo;
substitui, por vezes, a tribuna. Na inexistência de corredor, o trifório
torna-se uma arcada cega, apenas com valor decorativo;
- E o clerestório, zona de iluminação
imediatamente abaixo dos arcos formeiros da abóbada principal constituído por
janelas ou frestas, na maior parte dos casos era o único elemento de iluminação
da nave principal.
A iluminação do edifício
Devido ao
equilíbrio de forças necessário à sustentação das abóbadas, as paredes da
catedral românica são compactas e com poucas aberturas. O sistema de iluminação
é constituído pelos clerestório, por outras janelas e frestas, estreitas e chanfradas, pelas quais se obtém uma luz
rasante e difusa, propicia à concentração e elevação espiritual, tão próprias
do misticismo piedoso da época.
A torre lanterna possui, também, uma
série de aberturas (clerestóricas) que difundem a luz para a nave principal, a
partir do cruzamento com o transepto.
Outro elemento
de iluminação da nave principal é os janelões da fachada (presentes na
arquitectura normanda) e a rosácea nas igrejas italianas.
Configuração e decoração exterior
A igreja
românica possui uma sabia combinação de volumes esféricos, dados pela
cabeceira; paralelepipédicos dados pelo corpo da igreja e pelo transepto;
poliédricos e piramidais dados pelas torres sineiras e lanterna.
O efeito geral
da catedral românica é de grande solidez, reforçado e robustecido pelos
contrafortes salientes e chanfrados que intensificam a implantação do edifício
no terreno.
No Românico,
as pedras da estrutura são esculpidas em chanfro, em moldura ou em medalhão,
aparelhadas com rigor e justapostas sem argamassa; assim, ocupam, com precisão,
o espaço que lhes é devido e mantêm-se em equilíbrio (devido ao peso e à
pressão) na posição dos elementos que compõem o edifício: paredes, pilares,
arcos portais, nervuras, umbrais de porás e janelas…
A decoração arquitectónica, herdada dos mundos bárbaro e bizantino, ornamental e figurativa, distribui-se interna e externamente. Para além do seu carácter decorativo e didáctico, será sempre o símbolo do eterno conflito entre a luz e as trevas, essência espiritual do mundo românico.
No exterior do
edifício, a decoração esculpida está limitada aos locais-base: cornijas,
rosáceas e portais.
Abaixo das
cornijas (remates logo a seguir aos telhados), a decoração faz-se em arcos cegos e cachorradas que
para além e a decorarem, a suportam. Os cachorros possuem formas
diversificadas: geométricas, zoomórficas, antropomórficas e exerciam uma função
de educação moral, cívica e religiosa, ou de critica social e política. Os algerozes (caleiras), destinados para
escoar a água das chuvas, eram, também aproveitados para a representação de
motivos animalistas e míticos (gárgulas), espécie de exorcização do próprio
edifício.
Na fachada
principal, os dois elementos mais importantes, em termos decorativos, são a rosácea e o portal. Aquela é,
geralmente, um acrescento tardio, trabalhado com motivos geométricos e florais.
O portal pode ser, consoante a escola,
simples ou encaixado num pórtico saliente, que precede a fachada. O mais
vulgar, em quase todos os países, é constituído por:
- Uma entrada
chanfrada, com ombreiras, ornadas por colunelos que possuem a altura total ou
parcial da porta;
- Uma porta
simples ou dupla que, na sua forma mais complexa possui, a meio do vão, um
sustentáculo, em forma de coluna, também esculpido, a que se da o nome de mainel; acima deste, situa-se a
arquitrave, designada por lintel,
decorada com relevo esculpido;
- E um tímpano, espaço semicircular delimitado por arcos concêntricos de volta inteira – as arquivoltas -, que é sustentado pelo lintel.
- E um tímpano, espaço semicircular delimitado por arcos concêntricos de volta inteira – as arquivoltas -, que é sustentado pelo lintel.
A sua
superfície é preenchida com relevos.
Unidade e diversidade da arquitectura românica
religiosa
Apesar dos
traços estruturais comuns que a definem como estilo, a arquitectura românica
religiosa possui uma grande variedade nacional, e até regional, que resulta das
peculiaridades técnico-construtivas de cada região e dos materiais ai
existentes. É esta diversidade na unidade que caracteriza o Românico.
Das muitas
escolas espalhadas pela Europa, vamos salientar as que tiveram maior
repercussão a nível estético.
O Românico francês comporta grandes diversidades
locais que variam desde a sobriedade beneditina das igrejas da Normandia à
exuberância decorativa das da Aquitânia; das igrejas de planta em cruz latina
às de planta centrada; ou ainda das coberturas em madeira às abóbadas de berço
e de arestas, até ao emprego de cúpulas sobre pendentes. Como exemplos,
referenciamos: na Aquitânia, as igrejas de Notre-Dame-La-Grande, em Poltiers, a
de Fontevrault, a de São Pedro de Angoulême e a de Saint-Fron de Périgueux; na
Borgonha, a Basílica de Santa Madaloena de Vézelay;
E, no
Languedoc, a igreja abacial de Sainte-Foy de Conques e a de Saint-Sernin de
Toulouse.
Em Itália, as mais famosas construções românicas situam-se na Lombardia (como a Igreja de Santo Ambrósio, em Milão) e na Toscânia, onde ficam a Igreja de San Miniato al Monte, em Florença, e a Catedral de Pisa.
Influenciado
pela escola francesa da Normandia, o Românico
inglês caracteriza-se pela grande sobriedade das volumetrias que não
ostentam qualquer decoração esculpida, como é possível ver nas catedrais de Ely
e Durham.
Na Alemanha, é a escola renana a que melhor caracteriza o Românico do século XII. Seguindo a regra beneditina, as igrejas românicas alemãs são pobres na decoração esculpida, mas ostentam mais torres e, por vezes, duplo transepto. Mencionamos os exemplos das igrejas de São Miguel de Hildesheim e a de Santa Maria de Laah.
O Românico espanhol sofreu influências francesas e lombardas que, combinadas com elementos decorativos visigóticos e árabes, de influência local, formaram uma arquitectura de forte personalidade estética. O monumento românico mais característico, em Espanha é a Catedral de Santiago de Compostela, mas destacam-se também as igrejas de São Pedro de Roda, do Mosteiro de Ripoll, de São Clemente e de Santa Maria de Tahull, e a Catedral de Jaca, na Catalunha; e, em Leão, as igrejas de Santo Isidoro de Sevilha (séculos XI-XII) e de San Martin de Frómista.
O castelo
Tirando a
arquitectura religiosa, os castelos foram das poucas construções românicas que
sobreviveram até aos dias de hoje pois, numa época marcada, ainda, pela
recessão material e técnica, a maior parte dos edifícios (incluindo mesmo as
moradias senhoriais) foi construída em madeira ou noutros materiais perecíveis,
não deixando exemplos significativos.
Tendo evoluído
a partir de simples paliçadas de madeira, os primeiros castelos em pedra
surgiram, no Ocidente, nos finais do século X. Eram fortificações militares, de
carácter defensivo, erguidos geralmente em locais estratégicos (como pontos
altos ou ilhotas cercadas de água), junto às linhas fronteiriças, ou no
litoral, e ao longo do percurso dos grandes rios navegáveis. Eram constituídos
por grossos e altos panos murais, terminados em merlões e ameias, e formados por blocos de pedra toscamente
aparelhados e sobrepostos sem recurso a argamassas, sustentando-se pelo peso e
pelos contrafortes adossados.
Os mais simples compunham-se de uma única torre, primeiro, de secção quadrangular e, posteriormente, cilíndrica, rodeada ou não de um fosso com água e de uma cinta de muralhas. Os castelos mais complexos, surgidos sobretudo após o século XII, possuíam uma alta torre central, colocada no meio de um eirado ou pátio (terreno livre, dentro das muralhas, onde podia existir uma igreja, um poço, cavalariças e estábulos, cabanas e ainda pequenas hortas e jardins) e eram fechados por uma ou duas cintas de muralhas que possuíam, ao longo do adarve (o caminho de ronda) pequenos torreões para vigia da guarda e uma porta de entrada, também ladeada de torreões defensivos, tapada por portões gradeados e cujo acesso era protegido, geralmente, por uma ponte levadiça.
Os mais simples compunham-se de uma única torre, primeiro, de secção quadrangular e, posteriormente, cilíndrica, rodeada ou não de um fosso com água e de uma cinta de muralhas. Os castelos mais complexos, surgidos sobretudo após o século XII, possuíam uma alta torre central, colocada no meio de um eirado ou pátio (terreno livre, dentro das muralhas, onde podia existir uma igreja, um poço, cavalariças e estábulos, cabanas e ainda pequenas hortas e jardins) e eram fechados por uma ou duas cintas de muralhas que possuíam, ao longo do adarve (o caminho de ronda) pequenos torreões para vigia da guarda e uma porta de entrada, também ladeada de torreões defensivos, tapada por portões gradeados e cujo acesso era protegido, geralmente, por uma ponte levadiça.
A torre
central, que foi evoluindo com o passar do tempo, tanto seria como quartel para
o alcaide (oficial militar que chefiava o castelo) e os seus homens de armas
(caso dos castelos-refúgio das zonas de guerra ou das regiões fronteiriças
ainda instáveis), como para morada do castelão e a sua família, o que acontecia
nos castelos situados no seio dos domínios senhoriais da aristocracia feudal.
Neste ultimo caso, a torre central denomina-se torre de menagem.
Quase sem
aberturas para o exterior, estas torres centrais organizavam-se internamente em
três ou quatro pisos sobrepostos e com funções diferentes. A entrada fazia-se
directamente para o primeiro andar de uma escada de madeira ou de ferro que se
retirava em momentos de perigo.
O mosteiro
O mosteiro
O mosteiro
medieval compunha-se de varias dependências (igreja sacristia, sala capitular
ou locutório, dormitório, refeitório, cozinha, oficinas, enfermaria,
hospedaria, etc…) distribuídas por três alas arquitectónicas com funções
distintas, dispostas em galeria de arcadas redondas, em torno de um espaço
quadrangular descoberto – o claustro.
Este era o centro organizador do mosteiro e, pela sua importância na vida dos monges – passeio, rezas individuais, meditação… -, possuía uma cuidada decoração escultórica de sentido doutrinal.
Foi pela construção dos mosteiros que coube ao clero o papel de criadores e difusores das artes.
Este era o centro organizador do mosteiro e, pela sua importância na vida dos monges – passeio, rezas individuais, meditação… -, possuía uma cuidada decoração escultórica de sentido doutrinal.
Foi pela construção dos mosteiros que coube ao clero o papel de criadores e difusores das artes.
A arquitectura
religiosa
A manifestação
da arquitectura românica no território nacional (do Minho ao Alentejo) teve
início no princípio do século XII e prolongou-se até finais do século XIII.
O quadro
social, económico e político em que se desenvolveu foi idêntico ao dos outros
países europeus, acrescido aqui da afirmação de independência de Portugal.
A igreja
românica, símbolo da espiritualidade da época, esteve quase sempre ligada a uma
ordem religiosa, a um mosteiro ou implantada no seio de uma comunidade
agrícola. É por isso que o românico português tem características fortemente
rurais, sendo constituído por pequenas igrejas que, consoante a riqueza dos
seus patronos e os recursos ou dádivas disponíveis, se revestiu de maior ou
menor qualidade técnica, exuberância formal e decorativa.
Só em Braga, Porto,
Coimbra, Tomar, Lisboa e Évora é que as construções religiosas, as sés, se
revestiram de maior monumentalidade, possuidoras de grande riqueza e variedade
técnica e formal mais próximas das catedrais europeias.
O que
caracteriza a arquitectura românica nas pequenas igrejas rurais é: a sua
robustez (dada pelas paredes grossas, pelos contrafortes salientes pelo emprego
da pedra aparelhada), nave única com cabeceira em abside redonda ou
quadrangular, a cobertura com telhado de duas águas, a utilização do arco de
volta inteira, por vezes imperfeito, os relevos com funções didácticas e
decorativas, tanto no interior como no exterior do edifício, e a aplicação de
cachorrada nas cornijas.
Em algumas das
igrejas deste período abundam as marcas dos construtores, inscrições e siglas.
A difusão
desta arquitectura rural é feita a partir das grandes dioceses – como Braga,
Porto, Coimbra, Lisboa… - e dos mosteiros. Na zona nortenha acrescenta-se a
contribuição das influências espanholas da cidade de Tui e das igrejas ao longo
das rotas que levam a Santiago de Compostela.
O
interior do baram era uma verdadeira
sala hipóstila (cheia de colunas), na qual o espaço se organizava em naves
paralelas, perpendiculares à parededo fundo, aquela que assinalava a direcção
de Meca. Ao centro da parede de qibla ficava o mimbar, cadeiratrono onde o imã
(espécie de celebrante do ofício religioso) pronunciava a jutua, ou jutba,
alocução de sexta-feira, dia da oração colectiva. Também na parede de qibla
ficava o mirabe, pequena sala, ou apenas um nicho, que guardava o Corão. Era a
zona mais decorada da mesquita.
Um
outro elemento importantes nas mesquitas são os minaretes, torres de onde o
muecín (servidor da mesquita) chama os crentes para a oração.
As
madrasah eram escolas de teologia para estudar o Corão, que funcionavam em internato.
Estruturalmente , desenvolvem-se em torno de um pátio aberto,
rodeado de dormitorios, salas comuns e uma mesquita privada, no lado virado
para Meca. Como exemplo, cita-se o madrasab de Mus-tansiriyya, em Bagdade, do
seculo XII.
Havia
também mausoléus, que, apesar de pouco incentivados pela religião, existiam
para homenagear, na morte, guerreiros e príncipes importantes, como o celebre
Taj Mahal, em Agra, na India, século XVII.
Na
arquitectura civil, a mais importante é a arquitectura àulica, com o palácio
que funcionava simultaneamente como centro político e administrativo, morada de
reis e principies, e, por vezes, também fortaleza. Hoje é muito pouco o que
dele se conhece (se exceptuarmos as lendárias descrições das mil e uma noites).
Os palácios mais antigos foram construídos no deserto e obedeciam a plantas
quadradas, com uma multiplicidade de aposentos, dispostos de forma labiríntica
em torno de um pátio interior aberto, também quadrangular. Fechado por muros
altos, entremeados por torres de vigia, este modelo de palácio assemelhava-se exteriormente
a uma fortaleza. Posteriormente, evoluíram para um modelo mais aberto, com
vários pavilhões rodeados por jardins.
Particularmente
distintiva foi a decoração arquitectónica. Muito profusa, ela cobria quase
todas as superfícies (principalmente as interiores), utilizando mosaicos e
ladrilhos, estuques, madeiras, mármores e frescos. Os motivos, geralmente geométricos,
vegetalistas e epigráficos (a letra árabe foi largamente usada) repetidos em
entrelaçados rítmicos muito variados, atestam o gosto pela abstracção de toda a
cultura árabe.
A
arquitectura militar é representada pelo ribat, ou convento fortificado que é
um edifício destinado as obrigações militares da Guerra Santa e também usado
para fins religiosos (retiro e oração). Apresenta uma planta quadrada, com
torres de vigia nos quartos ângulos e, no seu interior, habilitações, armazéns
e uma mesquita. Um dos mais famosos ribat é o de Susa, datado do século VIII.
A
cerâmica foi uma das artes mais desenvolvidas, ricamente decorada com desenhos geométricos
e pequenos elementos figurativos estilizados. A coloração, a esmalte e a
técnica do vidrado com lustros permitiram cores brilhantes, de reflexos
metálicos.
Os
azulejos eram talhados em quadrado e trabalhados com estrelas e cruzes
profusamente decoradas com elementos florais e geométricos, como os de Isfahan
e Arbadil.
Praticaram,
também, a miniatura, ou pintura de pequenas dimensões, para decoração de
livros. Como a religião proibia as imagens, os exemplares do Corão não eram
decorados. Os miniaturistas trabalham em livros de fábulas, contos e outras
historias, encomendados por príncipes e outros senhores. Para a decoração do
Corão utilizava-se motivos geométricos e naturalistas estilizados e
principalmente linear dos seus caracteres, prestava-se a ser artisticamente
desenhado.
Outro
arte de renome foi a dos tapetes que têm em comum um rebordo à maneira de
moldura e o campo central que pode estar dividido em vários painéis, ou então
decorado com motivos geométricos e simbólicos, repetidos segundo uma ordem
predeterminada, embora cada oficina e cada região tivessem estilos próprios. De
acordo com a sua técnica, os tapetes podem ser divididos em três tipos: de nós
(goliboft), tecidos (como os kilims ou karamani) e bordados (como os sumak).
A
arte Moçárabe
Denomina-se
Arte Moçárabe a arte produzida por cristãos peninsulares (quer em Portugal,
quer em Espanha) que viviam em território muçulmano, submetidos ao califa, e/ou
que procediam de territórios muçulmanos.
Nexte
contexto, a Arte Moçárabe compreende o período entre os séculos IX e XI e
reflecte tradições artísticas hispano-visigóticas (assentes sobre formas
tardo-romanas), asturianas e califais ou muçulmanas. Na arquitectura,
deixou-nos, principalmente, igrejas que apresentam as seguintes características:
construções em pedra, com aparelho de boa silharia, por vezes de alvenaria e
tijolo; plantas de cabeceira recta ou absides contrapostas; uso sistemático de
arcos em ferradura; e coberturas de abódabas ( de canhão, de aresta ou
galonadas) ou planas e em madeira, cobertas com telhados de duas águas.
Citamos
como exemplo: em Espanha, as igrejas de São Miguel de Escalada e de Santa Maria
de Lebena, de 924; em Portugal as de São Pedro de Lourosa da Serra, do século
X, e a de São Pedro de Balsemão, do mesmo século.
Na
escultura, predominam os relevos, que se encontram nos modilhões do beirais dos
telhados, nos capitéis e nas aras de altar representam motivos geométricos de influência
hispano-visigótica, motivos naturalistas como videiras e motivos figurativos,
como pássaros ou figuras humanas abençoando.
A
escultura encontra-se, ainda, na arte móvel deste período que comporta,
sobretudo, trabalhos de metal (cálices, cruzes de altar, patenas...) numa
técnica de fino cinvelado, semelhante à da filigrana.
Quanto
à pintura, a que está mais bem documentada é a das miniaturas, base de tradição
românica. As miniaturas moçárabes estão recheadas de fantasia e realizadas numa
ampla e viva gama cromática.
1.
O canto gregoriano
O
canto como acompanhamento do serviço litúrgico, tornou-se um ritual cristão
desde o século IV, após a liberalização do cristianismo.
Contudo
o objectivo gregoriano só lhe foi atribuído após a reforma que no final do
século VI, o Papa Gregório I, ou Gregório Magno, implementou, reordenando as
liturgias da missa e do ofício divino e dando-lhes a forma de sobreviveu. Quase
inalterada ate ao século XX (Concilio Vaticano II). Nessa reforma, S. Gregório
unificou os varios cantos que acompanhavam os rituais, até ai chamados de
cantos romanos ou romana cantilena, definindo o seu papel na liturgia, da qual
reconhece fazerem “parte integrante e necessária”. Com efeito, numa época em
que a voz do sacerdote não possuía qualquer auxiliar, o canto desempenhou
funções ministeriais: exprimia a oração de forma mais suave, favorecia o
carácter comunitário da mesma e conferia amplitude e solenidade à palavra das
escrituras e aos ritos.
Influenciado
pelas musicas gregas e romanas e pelos cantos da sinagoga judaica, o canto gregoriano
é uma música monódica (que possuía uma só melodia), de ritmo livre, destinada a
acompanhar textos latinos retirados da Bíblia – Os Salmos.
O
repertório foi construído anonimamente pelos Magistri Romanae Ecclesiae e era
aprendido de cor, pois, no inicio, não se conhecia qualquer processo de notação
musical.
Usavam-se
apenas alguns sinais alfabéticos, ajudando a lembrar quais as sílabas que se
deviam abrir ou fechar. No seculo VIII, começaram a aparecer registos gráficos,
os neumas in campo aperto, isto é, sem designação dos intervalos, como
auxiliares de memória. Os neumas ou sinais, derivaram dos acentos
gramaticais e foram-se multiplicando. No
final do século IX, começaram a aparecer sistemas de letras como pontos de
referência para a classificação dos sons, na tentativa de simplificar a leitura
musical.
Para
apoiar o rito da missa existiam livros – livros litúrgicos das horas – usados
para a interpretação das liturgias ou para acompanhamento do serviço. Segundo
eles na missa a primeira peça cantada é a antifona ad introitum, a que se
seguem o gradual, a alleluia ou Tractum Offertorium e o Communio, peças que
variavam de missa para missa; a estas vem juntar-se os cantos colectivos como o
kyrie, a gloria, o credo, o sanctus e o Agnus Dei.
Com
a Acção de missionários cantores, este canto espalhou-se pelo Ocidente Cristão.
Após o século XV, com o advento da polifonia e a decomposição dos neumas, o
canto gregoriano degenerou.
O
canto gregoriano foi o mais antigo, rico e artístico do manancial melódico
medieval. Dele derivou a música erudita cristã e foi base da tradição musical
até ao Barroco.
2.
São Pedro de Rates
Nos
finais do século IX, já existia em Rates um mosteiro (de frades bentos) com uma
igreja de três naves. Seria nesta construção que se iniciaram algumas
alterações por mando do conde D. Henrique e de D. Teresa; em 1100, estes condes
doaram-na ao priorado cluniacense de Santa Maria da Caridade, em Auxerre,
França, tornando-a, assim a primeira construção da congregação de Cluny em
Portugal.
Entre
a primeira metade do século XII e a segunda metade do seculo XIII, o edifício
da igreja foi sujeita a muitas obras hoje comprovadas por algumas
incongruências nas estruturas arquitectónicas ( como naves laterais com
larguras diferentes, tramos desiguais, pilares e contrafortes não alinhados e
fachada principal assimétrica) e na decoração, nomeadamente dos portais,
capitéis, frisos e modilhões (cujos revelos apresentam elementos baseados na tradição
local e nas influências dos modelos da Galiza e do românico coimbrão – com
animais, como leões, aves de asas abertas, cabeças de boi e folhas
estilizadas).
A conclusão da construção da igreja foi precipitada, certamente, por dificuldades económicas (a prova é a cobertura das naves ter sido só em madeira quando elas estavam preparadas para aguentar também abobadas de pedra).
A conclusão da construção da igreja foi precipitada, certamente, por dificuldades económicas (a prova é a cobertura das naves ter sido só em madeira quando elas estavam preparadas para aguentar também abobadas de pedra).
Em
1515 o mosteiro foi extinto e demolido.
Mas
a alteração mais discutida foi a que se realizou em 1940-41 com a demolição da
abóbada atresoada.
Porém,
São Pedro de Rates apresentara sempre um aspecto maciço, rude, simples no
interior e exterior da sua volumetria horizontal e fechada, apenas
esporadicamente decorada nos portais, nas cabeceira e nos capitéis com temática
animalista. Será sempre uma prova da mentalidade e da mensagem românica para a
Cristandade.
EXEMPLOS DE TESTES
A desagregação do Império Romano
Dois movimentos conjugados contribuíram para a desagregação do Império Romano: o Cristianismo e as Invasões Bárbaras. O primeiro, provocou uma alteração muito significativa no campo das mentalidades, pois introduziu uma nova visão da religiosidade, e não só, chegou mesmo a propor uma nova e revolucionária organização social. O segundo, gerou uma disposição nos espaços do antigo Império, a pouco e pouco, a unidade política que Roma havia construído deu lugar a uma fragmentação territorial, assistindo-se assim, à génese de muitos dos actuais países europeus, que resultaram directamente da síntese cultural que foi feita entre a cultura do Império e a cultura dos povos invasores.
A vida material também sofreu importantes alterações estruturais. Com o fim das vias de comunicação, sobretudo das estradas romanas, surgiu uma nova organização económica que, ao contrário da anterior, era pobre, pouco dinâmica, insegura e ineficaz. Logicamente, esta desorganização das trocas fez aumentar a fome e a fome levou as massas para os campos e submeteu-as à servidão perante os dadores de pão, os grandes proprietários.
Baseado em Jacques Le Goff , A Civilização do Ocidente Medieval, Lisboa, ed. Estampa, 1994
doc2
O mosteiro
O monaquismo cristão surgiu no Oriente, no século IV. Nasceu ligado ao desejo de isolamento e de evasão do mundo profano. No Ocidente, o monaquismo apareceu mais tarde, no final do século V, por iniciativa dos bispos. A partir do século VI, surgiram os primeiros legisladores da vida religiosa comunitária como são Bento. Os regulamentos que este escreveu para os cenobitas (monges), serviram de modelo à grande maioria dos mosteiros europeus. Isto deveu-se ao rigor e espírito de perfeição posto por São bento na sua regra. (…)
Os mosteiros eram concebidos como pequenos mundos autónomos e auto-suficientes, virados para o interior e fechados ao exterior. Centros de oração, meditação e ascese, os mosteiros deste período foram muito mais do que isso. Beneficiados pelas condições da época, os mosteiros transformaram-se em centros dinamizadores da economia. Mas o seu principal papel foi no campo cultural, centros privilegiados de produção intelectual, os seus habitantes transformaram-se nos principais guardiães do saber erudito durante a Idade média, de facto, os mosteiros representaram durante esta cronologia, os principais centros de difusão cultural.
Baseado em Ana Lídia Pinto , História da Cultura e das Artes, Porto, Porto editora, 2007
doc3
Jihad
Ó crentes! Ponde-vos em guarda! Lançai-vos contra os vossos inimigos em grupos ou em blocos. (…) Àqueles que combatem na senda por Allah, quer estejam mortos, quer estejam vitoriosos, conceder-se-á uma enorme recompensa. Como não combatereis na senda de Allah, em favor dos homens débeis, das mulheres e das crianças que dizem: “Senhor nosso! Irai-nos deste povo cujas sendas são injustas! Dai-nos um chefe designado por Voas! Dai-nos um defensor designado por Vós.
Corão, 4, 73
As cruzadas
Ela é verdadeiramente santa e segura essa cavalaria (…) desde que combata por Cristo (…) para os cavaleiros de Cristo, é em toda a segurança que combatem pelo senhor sem temor de pecar por matar os seus adversários, nem de se perderem, se morrerem eles próprios. Quer dêem a morte quer a sofram, é sempre uma morte por Cristo, não tem nada de criminoso e é muito gloriosa: com efeito se matam fazem-no pelo Senhor, se morrem, o Senhor está com eles.
S. Bernardo de Claraval, Elogio da Nova Milícia (1091/1153)
1.1) Dos referidos documentos, selecciona dois e elabora um comentário tendo em conta os pontos abaixo mencionados.
doc1 A desagregação do Império Romano
- As principais rupturas provocadas pelo Cristianismo no campo das mentalidades.
- O contributo das invasões bárbaras para a configuração espacial do Antigo Império Romano.
- As invasões Bárbaras e a desagregação das antigas estruturas romanas.
- O nascimento da Idade Média e da sociedade feudal.
doc2 Os mosteiros na Idade Média
o Os mosteiros e o isolamento da vida mundana.
o As vivências internas – a Regra seguida pelo mosteiro.
o O seu papel enquanto centros difusores e centros limitadores de transmissão cultural.
o O mosteiro enquanto instituição feudal.
doc3 A Jihad e as Cruzadas
- Os confrontos entre o mundo ocidental e o Islão durante a Idade Média.
- A atitude religiosa das religiões em confronto.
- A difusão e a imposição da palavra de Deus.
- Os principais problemas que esta questão ainda coloca nos dias de hoje.
III
1) Observa com atenção a planta que se segue
doc8
Planta da catedral românica de Santiago de Compostela, século XII
1.1) Preenche os espaços em branco.
1.2) Indica que nome se dá a este tipo de planta.
1.3) Identifica as partes que compõem o alçado da nave principal.
1.4) Descreve o sistema de iluminação da catedral românica.
1.5) Coloca um círculo à volta da cabeceira.
1.6) Explica as principais características da arquitectura românica.
1) Lê com atenção a seguinte frase
doc9
Opinião do Papa Gregório Magno acerca das obras de arte
“as obras de arte têm pleno direito de existir, pois o seu fim não era ser adoradas pelos fiéis, mas ensinar os ignorantes. O que os doutores podem ler com a sua inteligência nos livros, o vêem os ignorantes com os seus olhos nos relevos e nas esculturas.”
Papa Gregório Magno (540/604)
2.1) Justifica a frase do Papa Gregório Magno, tendo em conta a principal função da escultura românica.
2) Observa com atenção as seguintes pinturas murais românicas
3.1) A partir das imagens, descreve as principais características da pintura mural românica.
“Eu diria que se a Idade Media não é um período áureo… também não é a época obscurantista e triste. Há que considerá-la no seu conjunto. Em relação á Antiguidade, é, em muitos aspectos, um período de progresso.(…) Há certamente uma ignóbil Idade Média: os senhores oprimiam os camponeses, a Igreja era intolerante… as fomes eram frequentes, os pobres inúmeros… Há também a bela Idade Média…. A dos cavaleiros, a da Arte Românica, a da cor… A Europa começa a constituir-se na Idade Média.”
1-Caracterize a Idade Media nos aspectos económico, social, politico, cultural, religioso e artístico.
“Os homens e as mulheres da Idade Média tiveram então a sensação de pertencerem a um mesmo conjunto de instituições, crenças e hábitos: a Cristandade.”
2-Defina Cristandade.
“ Mas há vários tipos de monges (…) distinguiram-se pela fundação de mosteiros (…) os monges irlandeses (…) no século VI, o monge Bento de Núrsia, elaborou uma regra moderada (…) os monges beneditinos (…) as ordens de Cluny e de Cister, São Bernardo de Claraval.”
3-Defina Mosteiro como instituição e como construção arquitectónica.
4-Descreva as principais características do estilo Românico.
5 -Identifique os seguintes elementos da arquitectura românica.
6. O estilo românico é um estilo de arquitectura caracterizado por (assinale com um X as respostas certas)
□ Construções austeras e robustas.
□ Com paredes finas com grandes janelas
□ Igrejas pouco iluminadas, com minúsculas janelas.
□ Uma das funções destas estruturas era a de resistir aos ataques dos inimigos
□ Apresenta formas complexas e muito decoradas.
□ Os edifícios apresentam uma decoração muito simples e pouco requintada.
□ Igrejas altas, com luz e paredes sem contrafortes.
□ A planta em cruz latina representa a cruz onde Jesus Cristo foi morto.
□ A pressão contínua exercida pela abóbada da nave central é descarregada, através dos arcos, para os pilares e transmitida, igualmente sobre as naves laterais para as paredes exteriores do edifício.
7. Identifique os seguintes elementos da arquitectura românica.