A CULTURA DO MOSTEIRO | M3

Mapa antigo contendo os caminho do Norte da Europa para Santiago de Compostela
Deus, fortaleza da Humanidade
A arquitectura: dos primórdios da arquitectura cristã à arquitectura bizantina: a importância da matriz antiga
Após a queda do Império Romano e, pelo menos, até ao século X, as artes europeias reflectiram, na sua evolução, as consequências da depressão material, técnica e cultural que atingiu todo o Ocidente nesse período, assim como as da descentralização social e político-militar e as da barbarização dos modos de vida das novas classes dirigentes, as aristocracias guerreiras de origem germânica. Por isso, as características romano-helenísticas da arte do Baixo-império foram-se adulterando, sobretudo, pela introdução de novas características estilísticas e estéticas provenientes dos gostos e tradições dos vários povos invasores (Germanos, Muçulmanos, Normandos, Eslavos…), gerando grande diversidade regional.



Contudo, esta diversidade foi principalmente de carácter técnico-artístico e teve a sua maior expressão nas artes decorativas, já que nas artes ditas “maiores” a influência do cristianismo foi impondo, à medida que se expandia, uma crescente uniformização dos temas. Na iconografia e na expressividade.
Quando o estilo Românico desperta, entre os séculos IX a XI, reflecte ainda essa multiplicidade de influências que, partindo da matriz antiga – a herança clássica -, nele se harmonizaram num todo coerente.
Analisemos as suas principais raízes.


A arte paleocristã
Dá-se o nome de arte paleocristã às expressões artísticas dos primeiros cristãos que decorreram entre o ano 200 e o século VI, correspondendo ao período de expansão do cristianismo, primeiro na clandestinidade e depois, já em liberdade. Essas manifestações artísticas abrangeram uma vasta área geográfica (do Próximo Oriente assírio ao Ocidente europeu) e possuíram grande diversidade regional.
Apesar disso, ostentam alguns traços estruturais comuns, como: o uso dos modelos estilísticos da Roma clássica; a assimilação de novos processos técnicos, formais e estéticos oriundos do Oriente; e a subordinação ao espírito e às temáticas do cristianismo.
Na arquitectura, o principal esforço centrou-se na procura de uma tipologia para o templo cristão que pretendia ser, simultaneamente morada de Deus, recinto de culto e local de reunião da comunidade dos fiéis, o que impôs novas exigências construtivas.

As primeiras igrejas construídas obedeceram a dois modelos:
- O de planta centrada, de influência helenística e oriental, com formas circulares, octogonais ou em cruz grega, e coberturas em cúpula e meias cúpulas;
- E o de planta basilical (inspirado nas basílicas romanas), em cruz latina, com três ou cinco naves separadas por arcadas e/ou colunatas e cobertas por tectos em madeira,
Esta ultima foi o modelo mais característico, que se tornou dominante após o século V no Ocidente, influenciando decisivamente toda a evolução artística seguinte, até ao Românico.
Baptistérios e mausoléus adoptaram preferencialmente a planta centrada e com cúpulas sobre a sala central.
Exteriormente pobres, as primitivas igrejas cristãs animavam-se internamente graças à decoração pictórica, a fresco ou em mosaicos, de belas e vivas cores e sentido pastoral.


A arte bizantina
Designa-se por arte bizantina a que provém do ex-Império Romano do Oriente que durou entre 395 e 1453. O nome advém-lhe da sua capital, a cidade de Bizâncio, reedificada por Constantino, em 330, e apelidada de Constantinopla. Na época do imperador Justiniano I (527-565), quando Roma e o Ocidente do Império haviam já sucumbido face aos invasores Germanos, a cidade de Bizâncio e a sua corte foram protagonistas de um novo esplendor político e cultural.
A cultura bizantina uniu criativamente influências helenísticas, judaicas e cristãs (do cristianismo ortodoxo) com outras provenientes do Oriente antigo, sobretudo egípcias, sírias e persas.
O exemplo mais famoso desta arquitectura é a Igreja de Santa Sofia de Constantinopla.
No Ocidente, é possível encontrar monumentos representativos desta arte na cidade de Ravena, Itália (que, no século VI, foi sede de um importante exarcado bizantino), como são exemplo as igrejas de Santo Apolinário, o Novo, e de São Vital.

Os renascimentos carolíngio e otoniano
A arte dos invasores germânicos (Vândalos, Suevos, Godos, Visigodos, Francos, Lombardos e outros) marcou a produção artística do Ocidente cristão durante toda a Alta Idade Média.
Os Francos adquiriram papel de destaque a partir do século VIII, quando Carlos Magno procurou restaurar a antiga unidade imperial no Ocidente. Este procedeu a reformas administrativas e religiosas, lançando o renascimento cultural e artístico que teve como foco difusor a sua própria corte em Aix-La-Chapelle (actual Aachen, na Alemanha). A arte carolíngia inspirou-se nas tradições romanas, a que associou as influências bizantinas (uso de plantas centradas e cúpulas) e as germânicas (na arte decorativa e móvel).
O fraccionamento do Império Carolíngio pelos sucessores de Carlos Magno permitiu o aparecimento, no século X, de um novo potentado no centro-leste europeu, o de Otão I, o Grande, rei da Saxónia (Alemanha) entre 936 e 973.
A sua acção política e militar fez com que o Papa João XII lhe atribuísse, em 962, a dignidade imperial, fundando o Sacro Império Romano-Germânico. Otão desenvolveu também a cultura e a arte (renascimento otoniano). 


A arquitectura românica
A hegemonia da arquitectura religiosa
Arte Românica foi o primeiro estilo internacional da Idade Média e resultou da mistura de influências provenientes da Antiguidade romana pagã, do Oriente bizantino e das artes germânicas trazidas pelas grandes invasões. Estas influências foram-se absorvendo e amalgamando entre os séculos IX e XII, numa arte amadurecida que se espalhou por toda a Europa, apesar de englobar numerosas variantes regionais.
O esplendor atingido pelo Românico e a sua rápida expansão geográfica são o reflexo da conjuntura de renovação e crescimento que então se viveu em toda a Cristandade: o clima de maior estabilidade político-militar proporcionado pelo fim das grandes invasões (século X) e pela reorganização administrativa levada a cabo pelas primeiras monarquias feudais; o despertar da economia com o renascer da agricultura excedentária e do comercio; o crescimento urbano e o incremento das deslocações e viagens, após séculos de isolamento e imobilidade.
Para a grandeza do Românico também contribuiu o maior ferver religioso que se espalhou nas populações aquando da passagem do Ano Mil, altura para a qual muitos sábios e profetas previam grandes cataclismos anunciadores do Juízo Final, o fim dos tempos. Este sentimento de fé e temor religioso fez crescer a prática das peregrinações aos locais santos como Jerusalém, Roma, Santiago de Compostela ou outros, possuidores de relíquias sagradas ou túmulos de santos, mártires e bispos. A igreja, principalmente as ordens religiosas, aproveitaram esta nova religiosidade para incrementar a Fé, mandar construir igrejas, santificar a pratica das peregrinações e lançar as Cruzadas.
A acção da Igreja foi fundamental no surgimento deste estilo artístico, do qual foi a principal encomendadora e até mentora, (alguns clérigos foram os autores dos projectos e riscos de muitas construções), logo seguida pelas cortes reais e senhoriais do regime feudal vigente. Assim, a Arte Românica serviu a majestade do poder religioso e do poder político e foi feita para glória de ambos.
A arquitectura religiosa do Românico legou-nos dois tipos de edifícios: os mosteiros e as igrejas.


As igrejas
O Românico deixou-nos vários tipos de igreja que vão das modestas capelas rurais às dos grandes centros de peregrinação, passando pelas catedrais (isto é, pelas igrejas que contêm a cátedra, a cadeira ou trono dos bispos), geralmente erigidas nas cidades.
As mais ricas, estilisticamente falando, foram as igrejas abaciais ou monacais, pertencentes às ordens religiosas e integradas nos mosteiros ou conventos. Contudo, variando no tamanho e na riqueza decorativa, todas elas ostentam elementos comuns que caracterizam o estilo e que ficaram definidos a partir do século XI.
Nas plantas, apesar da grande variedade regional, as igrejas românicas seguiram dois modelos principais:
- A planta centrada (cruz grega, hexagonal, octogonal, ou circular), de influência oriental e muito pouco usada;
- A de tipo basilical, em cruz latina (com três, cinco ou sete naves), a mais divulgada.
Neste ultimo modelo, sempre orientado no sentido este-oeste, a nave principal é mais alta e mais larga que as laterais; o comprimento da igreja é um múltiplo da largura da nave central e a largura das naves laterais um submúltiplo daquela. A métrica espacial é fundamental para a definição deste estilo.
As naves atravessadas, no lado nascente, por uma outra, de sentindo norte-sul, o transepto, que pode ser de uma só nave ou tripartido como o corpo da igreja. No ponto de cruzamento encontra-se o cruzeiro, espaço encimado pela torre lanterna ou zimbório, que faz parte do sistema de iluminação e arejamento da igreja. No lado nascente do transepto, abrem-se um ou dois absidíolos que, por vezes, eram colocados no alinhamento das naves laterais.
No alinhamento da nave principal, após o cruzeiro, situa-se a abside principal que contém a capela-mor com o altar. A circundar a capela-mor está o deambulatório, espécie de corredor ou nave curvilínea que prolonga as naves laterais. Este contém, geralmente, três a cinco capelas radiantes, absidiais ou absidíolos que forma, conjuntamente com a abside e o deambulatório, a cabeceira. As capelas radiantes serviam para instalar os altares secundários.
Esta disposição permitia a realização de mais ofícios religiosos ao mesmo tempo e prestava-se, igualmente, ao andamento das procissões e vias-sacras. Na capela-mor havia uma parte exclusivamente dedicada à comunidade clerical, o coro.
As igrejas de peregrinação possuíam, ainda, a cripta, que se situava abaixo da cabeceira e que continha os restos mortais ou as relíquias dos santos.
Em alguns casos, a igreja românica é precedida por um nártex ou por um átrio. O nártex servia de vestíbulo à catedral e constitui uma reminiscência das primitivas basílicas cristãs; destinava-se a abrigar os catecúmenos (não baptizados), os energúmenos (possuídos do demónio) e os penitentes. Já o átrio era um recinto aberto espécie de pátio quadrangular rodeado por quatro alas abobadadas e colunadas.
Consoante as regiões, as igrejas podiam apresentar, ainda, uma ou duas torres sineiras a ladearem a fachada principal.

Sistemas de cobertura e suporte
As igrejas românicas, como cobertura, usaram as abóbadas em pedra, para evitar os tectos de madeira sujeitos a incêndios. O arco estruturante das abóbadas românicas foi o arco romano ou o arco de volta inteira ou perfeito, que corresponde geometricamente a metade de uma circunferência; a abóbada por ele formada é denominada abóbada de meio canhão, de pleno cintro ou de berço e é a cobertura mais vulgar da nave principal destas igrejas. Para as naves laterais, mais baixas, utilizavam-se abóbadas de aresta, conseguidas pelo cruzamento ortogonal de duas abóbadas de berço, da mesma dimensão e ao mesmo nível. Nas igrejas sob a influência oriental, as abóbadas foram, por vezes, substituídas por sucessões de cúpulas. E, tal como naquelas, a cada cúpula corresponde, em planta, uma área quadrada.
O problema técnico que se colocou na construção destas igrejas foi a passagem do quadrado da planta para a semiesfera cupular, o que foi resolvido por meio de trompas e de pendentes.
Cada abóbada e cúpula, com os seus elementos de descarga de forças, formam unidades rítmicas – os tramos -, assinalados na planta e perceptíveis nos alçados e nas volumetrias do edifício.
O tramo é definido transversalmente por dois arcos torais, ou dobrados; longitudinalmente, por dois arcos formeiros, que separam a nave principal das laterais; e por arcos cruzeiros, que formam as arestas ou nervuras da abóbada.

A pressão continua exercida pela abóbada ou pela cúpula da nave principal é descarregada, através dos arcos para os pilares e colunas que dividem as naves no interior da igreja, e transmitida, igualmente, para as naves laterais, e destas para as paredes exteriores do edifício. Assim, as naves laterais, também ajudam a escorar a abóbada principal. Finalmente, a pressão exercida pelas abóbadas laterais é transmitida para as paredes exteriores do edifício.
Estas forças exigem paredes grossas e com poucas aberturas, e o apoio de contrafortes adossados e chanfrados, situados exteriormente no mesmo alinhamento dos pilares.
Os pilares situam-se no interior da igreja, no ponto de charneira e dois tramos. São normalmente compostos e cruciformes, possuindo um colunelo, ou pilastra, adossado por cada um dos arcos definidores de um tramo. Na sua forma mais complexa, que corresponde à utilização de abóbadas de aresta em todas as naves, cada pilar ou coluna suporta, só do lado da nave principal, cinco arcos de abóbada: um dobrado ou toral, dois formeiros e dois cruzeiros de duas abóbadas contíguas, que correspondem a cinco colunelos. Pilares e colunas formam uma espécie de cortina separadora entre as naves, constituindo um elemento rítmico, que atribui a cada igreja uma métrica peculiar.



Alçado interno da nave principal
Para além da divisão provocada pelos tramos da nave principal, que tem como consequência a repetição constante de um conjunto de elementos na horizontal, o alçado interno da nave possui uma organização vertical, tri ou quadripartida, constituída por:
- Arcada principal, que separa a nave central das laterais e é formada usualmente por pilares ou pilares e colunas;
- Tribuna, espécie de galeria semiabobadada sobre a nave lateral, aberta para a nave central, que faz a descarga das forças para a parede exterior. Destinava-se às mulheres que iam sozinhas à igreja;
- Trifório, corredor estreito que abre para a nave central por um conjunto de dois, três ou mais arcos por tramo; substitui, por vezes, a tribuna. Na inexistência de corredor, o trifório torna-se uma arcada cega, apenas com valor decorativo;
- E o clerestório, zona de iluminação imediatamente abaixo dos arcos formeiros da abóbada principal constituído por janelas ou frestas, na maior parte dos casos era o único elemento de iluminação da nave principal.



A iluminação do edifício
Devido ao equilíbrio de forças necessário à sustentação das abóbadas, as paredes da catedral românica são compactas e com poucas aberturas. O sistema de iluminação é constituído pelos clerestório, por outras janelas e frestas, estreitas e chanfradas, pelas quais se obtém uma luz rasante e difusa, propicia à concentração e elevação espiritual, tão próprias do misticismo piedoso da época.
A torre lanterna possui, também, uma série de aberturas (clerestóricas) que difundem a luz para a nave principal, a partir do cruzamento com o transepto.
Outro elemento de iluminação da nave principal é os janelões da fachada (presentes na arquitectura normanda) e a rosácea nas igrejas italianas.


Configuração e decoração exterior
A igreja românica possui uma sabia combinação de volumes esféricos, dados pela cabeceira; paralelepipédicos dados pelo corpo da igreja e pelo transepto; poliédricos e piramidais dados pelas torres sineiras e lanterna.
O efeito geral da catedral românica é de grande solidez, reforçado e robustecido pelos contrafortes salientes e chanfrados que intensificam a implantação do edifício no terreno.
No Românico, as pedras da estrutura são esculpidas em chanfro, em moldura ou em medalhão, aparelhadas com rigor e justapostas sem argamassa; assim, ocupam, com precisão, o espaço que lhes é devido e mantêm-se em equilíbrio (devido ao peso e à pressão) na posição dos elementos que compõem o edifício: paredes, pilares, arcos portais, nervuras, umbrais de porás e janelas…


A decoração arquitectónica, herdada dos mundos bárbaro e bizantino, ornamental e figurativa, distribui-se interna e externamente. Para além do seu carácter decorativo e didáctico, será sempre o símbolo do eterno conflito entre a luz e as trevas, essência espiritual do mundo românico.
No exterior do edifício, a decoração esculpida está limitada aos locais-base: cornijas, rosáceas e portais.
Abaixo das cornijas (remates logo a seguir aos telhados), a decoração faz-se em arcos cegos e cachorradas que para além e a decorarem, a suportam. Os cachorros possuem formas diversificadas: geométricas, zoomórficas, antropomórficas e exerciam uma função de educação moral, cívica e religiosa, ou de critica social e política. Os algerozes (caleiras), destinados para escoar a água das chuvas, eram, também aproveitados para a representação de motivos animalistas e míticos (gárgulas), espécie de exorcização do próprio edifício.
Na fachada principal, os dois elementos mais importantes, em termos decorativos, são a rosácea e o portal. Aquela é, geralmente, um acrescento tardio, trabalhado com motivos geométricos e florais.
O portal pode ser, consoante a escola, simples ou encaixado num pórtico saliente, que precede a fachada. O mais vulgar, em quase todos os países, é constituído por:
- Uma entrada chanfrada, com ombreiras, ornadas por colunelos que possuem a altura total ou parcial da porta;
- Uma porta simples ou dupla que, na sua forma mais complexa possui, a meio do vão, um sustentáculo, em forma de coluna, também esculpido, a que se da o nome de mainel; acima deste, situa-se a arquitrave, designada por lintel, decorada com relevo esculpido;


- E um tímpano, espaço semicircular delimitado por arcos concêntricos de volta inteira – as arquivoltas -, que é sustentado pelo lintel.
A sua superfície é preenchida com relevos.
Unidade e diversidade da arquitectura românica religiosa
Apesar dos traços estruturais comuns que a definem como estilo, a arquitectura românica religiosa possui uma grande variedade nacional, e até regional, que resulta das peculiaridades técnico-construtivas de cada região e dos materiais ai existentes. É esta diversidade na unidade que caracteriza o Românico.
Das muitas escolas espalhadas pela Europa, vamos salientar as que tiveram maior repercussão a nível estético.



O Românico francês comporta grandes diversidades locais que variam desde a sobriedade beneditina das igrejas da Normandia à exuberância decorativa das da Aquitânia; das igrejas de planta em cruz latina às de planta centrada; ou ainda das coberturas em madeira às abóbadas de berço e de arestas, até ao emprego de cúpulas sobre pendentes. Como exemplos, referenciamos: na Aquitânia, as igrejas de Notre-Dame-La-Grande, em Poltiers, a de Fontevrault, a de São Pedro de Angoulême e a de Saint-Fron de Périgueux; na Borgonha, a Basílica de Santa Madaloena de Vézelay;
E, no Languedoc, a igreja abacial de Sainte-Foy de Conques e a de Saint-Sernin de Toulouse.


Em Itália, as mais famosas construções românicas situam-se na Lombardia (como a Igreja de Santo Ambrósio, em Milão) e na Toscânia, onde ficam a Igreja de San Miniato al Monte, em Florença, e a Catedral de Pisa.
Influenciado pela escola francesa da Normandia, o Românico inglês caracteriza-se pela grande sobriedade das volumetrias que não ostentam qualquer decoração esculpida, como é possível ver nas catedrais de Ely e Durham.


Na Alemanha, é a escola renana a que melhor caracteriza o Românico do século XII. Seguindo a regra beneditina, as igrejas românicas alemãs são pobres na decoração esculpida, mas ostentam mais torres e, por vezes, duplo transepto. Mencionamos os exemplos das igrejas de São Miguel de Hildesheim e a de Santa Maria de Laah.


O Românico espanhol sofreu influências francesas e lombardas que, combinadas com elementos decorativos visigóticos e árabes, de influência local, formaram uma arquitectura de forte personalidade estética. O monumento românico mais característico, em Espanha é a Catedral de Santiago de Compostela, mas destacam-se também as igrejas de São Pedro de Roda, do Mosteiro de Ripoll, de São Clemente e de Santa Maria de Tahull, e a Catedral de Jaca, na Catalunha; e, em Leão, as igrejas de Santo Isidoro de Sevilha (séculos XI-XII) e de San Martin de Frómista.


O castelo
Tirando a arquitectura religiosa, os castelos foram das poucas construções românicas que sobreviveram até aos dias de hoje pois, numa época marcada, ainda, pela recessão material e técnica, a maior parte dos edifícios (incluindo mesmo as moradias senhoriais) foi construída em madeira ou noutros materiais perecíveis, não deixando exemplos significativos.
Tendo evoluído a partir de simples paliçadas de madeira, os primeiros castelos em pedra surgiram, no Ocidente, nos finais do século X. Eram fortificações militares, de carácter defensivo, erguidos geralmente em locais estratégicos (como pontos altos ou ilhotas cercadas de água), junto às linhas fronteiriças, ou no litoral, e ao longo do percurso dos grandes rios navegáveis. Eram constituídos por grossos e altos panos murais, terminados em merlões e ameias, e formados por blocos de pedra toscamente aparelhados e sobrepostos sem recurso a argamassas, sustentando-se pelo peso e pelos contrafortes adossados.


Os mais simples compunham-se de uma única torre, primeiro, de secção quadrangular e, posteriormente, cilíndrica, rodeada ou não de um fosso com água e de uma cinta de muralhas. Os castelos mais complexos, surgidos sobretudo após o século XII, possuíam uma alta torre central, colocada no meio de um eirado ou pátio (terreno livre, dentro das muralhas, onde podia existir uma igreja, um poço, cavalariças e estábulos, cabanas e ainda pequenas hortas e jardins) e eram fechados por uma ou duas cintas de muralhas que possuíam, ao longo do adarve (o caminho de ronda) pequenos torreões para vigia da guarda e uma porta de entrada, também ladeada de torreões defensivos, tapada por portões gradeados e cujo acesso era protegido, geralmente, por uma ponte levadiça.
A torre central, que foi evoluindo com o passar do tempo, tanto seria como quartel para o alcaide (oficial militar que chefiava o castelo) e os seus homens de armas (caso dos castelos-refúgio das zonas de guerra ou das regiões fronteiriças ainda instáveis), como para morada do castelão e a sua família, o que acontecia nos castelos situados no seio dos domínios senhoriais da aristocracia feudal. Neste ultimo caso, a torre central denomina-se torre de menagem.
Quase sem aberturas para o exterior, estas torres centrais organizavam-se internamente em três ou quatro pisos sobrepostos e com funções diferentes. A entrada fazia-se directamente para o primeiro andar de uma escada de madeira ou de ferro que se retirava em momentos de perigo.


O mosteiro
O mosteiro medieval compunha-se de varias dependências (igreja sacristia, sala capitular ou locutório, dormitório, refeitório, cozinha, oficinas, enfermaria, hospedaria, etc…) distribuídas por três alas arquitectónicas com funções distintas, dispostas em galeria de arcadas redondas, em torno de um espaço quadrangular descoberto – o claustro. 


Este era o centro organizador do mosteiro e, pela sua importância na vida dos monges – passeio, rezas individuais, meditação… -, possuía uma cuidada decoração escultórica de sentido doutrinal.


Foi pela construção dos mosteiros que coube ao clero o papel de criadores e difusores das artes.

Igreja de S. Martinho da Cedofeita
O Românico em Portugal
A arquitectura religiosa
A manifestação da arquitectura românica no território nacional (do Minho ao Alentejo) teve início no princípio do século XII e prolongou-se até finais do século XIII.
O quadro social, económico e político em que se desenvolveu foi idêntico ao dos outros países europeus, acrescido aqui da afirmação de independência de Portugal.
A igreja românica, símbolo da espiritualidade da época, esteve quase sempre ligada a uma ordem religiosa, a um mosteiro ou implantada no seio de uma comunidade agrícola. É por isso que o românico português tem características fortemente rurais, sendo constituído por pequenas igrejas que, consoante a riqueza dos seus patronos e os recursos ou dádivas disponíveis, se revestiu de maior ou menor qualidade técnica, exuberância formal e decorativa.
Só em Braga, Porto, Coimbra, Tomar, Lisboa e Évora é que as construções religiosas, as sés, se revestiram de maior monumentalidade, possuidoras de grande riqueza e variedade técnica e formal mais próximas das catedrais europeias.

O que caracteriza a arquitectura românica nas pequenas igrejas rurais é: a sua robustez (dada pelas paredes grossas, pelos contrafortes salientes pelo emprego da pedra aparelhada), nave única com cabeceira em abside redonda ou quadrangular, a cobertura com telhado de duas águas, a utilização do arco de volta inteira, por vezes imperfeito, os relevos com funções didácticas e decorativas, tanto no interior como no exterior do edifício, e a aplicação de cachorrada nas cornijas.
Em algumas das igrejas deste período abundam as marcas dos construtores, inscrições e siglas.
A difusão desta arquitectura rural é feita a partir das grandes dioceses – como Braga, Porto, Coimbra, Lisboa… - e dos mosteiros. Na zona nortenha acrescenta-se a contribuição das influências espanholas da cidade de Tui e das igrejas ao longo das rotas que levam a Santiago de Compostela.

O interior do baram era uma verdadeira sala hipóstila (cheia de colunas), na qual o espaço se organizava em naves paralelas, perpendiculares à parededo fundo, aquela que assinalava a direcção de Meca. Ao centro da parede de qibla ficava o mimbar, cadeiratrono onde o imã (espécie de celebrante do ofício religioso) pronunciava a jutua, ou jutba, alocução de sexta-feira, dia da oração colectiva. Também na parede de qibla ficava o mirabe, pequena sala, ou apenas um nicho, que guardava o Corão. Era a zona mais decorada da mesquita.
Um outro elemento importantes nas mesquitas são os minaretes, torres de onde o muecín (servidor da mesquita) chama os crentes para a oração.
As madrasah eram escolas de teologia para estudar o Corão, que funcionavam em internato. Estruturalmente, desenvolvem-se em torno de um pátio aberto, rodeado de dormitorios, salas comuns e uma mesquita privada, no lado virado para Meca. Como exemplo, cita-se o madrasab de Mus-tansiriyya, em Bagdade, do seculo XII.
Havia também mausoléus, que, apesar de pouco incentivados pela religião, existiam para homenagear, na morte, guerreiros e príncipes importantes, como o celebre Taj Mahal, em Agra, na India, século XVII.
Na arquitectura civil, a mais importante é a arquitectura àulica, com o palácio que funcionava simultaneamente como centro político e administrativo, morada de reis e principies, e, por vezes, também fortaleza. Hoje é muito pouco o que dele se conhece (se exceptuarmos as lendárias descrições das mil e uma noites). Os palácios mais antigos foram construídos no deserto e obedeciam a plantas quadradas, com uma multiplicidade de aposentos, dispostos de forma labiríntica em torno de um pátio interior aberto, também quadrangular. Fechado por muros altos, entremeados por torres de vigia, este modelo de palácio assemelhava-se exteriormente a uma fortaleza. Posteriormente, evoluíram para um modelo mais aberto, com vários pavilhões rodeados por jardins.
Particularmente distintiva foi a decoração arquitectónica. Muito profusa, ela cobria quase todas as superfícies (principalmente as interiores), utilizando mosaicos e ladrilhos, estuques, madeiras, mármores e frescos. Os motivos, geralmente geométricos, vegetalistas e epigráficos (a letra árabe foi largamente usada) repetidos em entrelaçados rítmicos muito variados, atestam o gosto pela abstracção de toda a cultura árabe.
A arquitectura militar é representada pelo ribat, ou convento fortificado que é um edifício destinado as obrigações militares da Guerra Santa e também usado para fins religiosos (retiro e oração). Apresenta uma planta quadrada, com torres de vigia nos quartos ângulos e, no seu interior, habilitações, armazéns e uma mesquita. Um dos mais famosos ribat é o de Susa, datado do século VIII.
A cerâmica foi uma das artes mais desenvolvidas, ricamente decorada com desenhos geométricos e pequenos elementos figurativos estilizados. A coloração, a esmalte e a técnica do vidrado com lustros permitiram cores brilhantes, de reflexos metálicos.
Os azulejos eram talhados em quadrado e trabalhados com estrelas e cruzes profusamente decoradas com elementos florais e geométricos, como os de Isfahan e Arbadil.
Praticaram, também, a miniatura, ou pintura de pequenas dimensões, para decoração de livros. Como a religião proibia as imagens, os exemplares do Corão não eram decorados. Os miniaturistas trabalham em livros de fábulas, contos e outras historias, encomendados por príncipes e outros senhores. Para a decoração do Corão utilizava-se motivos geométricos e naturalistas estilizados e principalmente linear dos seus caracteres, prestava-se a ser artisticamente desenhado.
Outro arte de renome foi a dos tapetes que têm em comum um rebordo à maneira de moldura e o campo central que pode estar dividido em vários painéis, ou então decorado com motivos geométricos e simbólicos, repetidos segundo uma ordem predeterminada, embora cada oficina e cada região tivessem estilos próprios. De acordo com a sua técnica, os tapetes podem ser divididos em três tipos: de nós (goliboft), tecidos (como os kilims ou karamani) e bordados (como os sumak).



A arte Moçárabe
Denomina-se Arte Moçárabe a arte produzida por cristãos peninsulares (quer em Portugal, quer em Espanha) que viviam em território muçulmano, submetidos ao califa, e/ou que procediam de territórios muçulmanos.
Nexte contexto, a Arte Moçárabe compreende o período entre os séculos IX e XI e reflecte tradições artísticas hispano-visigóticas (assentes sobre formas tardo-romanas), asturianas e califais ou muçulmanas. Na arquitectura, deixou-nos, principalmente, igrejas que apresentam as seguintes características: construções em pedra, com aparelho de boa silharia, por vezes de alvenaria e tijolo; plantas de cabeceira recta ou absides contrapostas; uso sistemático de arcos em ferradura; e coberturas de abódabas ( de canhão, de aresta ou galonadas) ou planas e em madeira, cobertas com telhados de duas águas.
Citamos como exemplo: em Espanha, as igrejas de São Miguel de Escalada e de Santa Maria de Lebena, de 924; em Portugal as de São Pedro de Lourosa da Serra, do século X, e a de São Pedro de Balsemão, do mesmo século.
Na escultura, predominam os relevos, que se encontram nos modilhões do beirais dos telhados, nos capitéis e nas aras de altar representam motivos geométricos de influência hispano-visigótica, motivos naturalistas como videiras e motivos figurativos, como pássaros ou figuras humanas abençoando.
A escultura encontra-se, ainda, na arte móvel deste período que comporta, sobretudo, trabalhos de metal (cálices, cruzes de altar, patenas...) numa técnica de fino cinvelado, semelhante à da filigrana.
Quanto à pintura, a que está mais bem documentada é a das miniaturas, base de tradição românica. As miniaturas moçárabes estão recheadas de fantasia e realizadas numa ampla e viva gama cromática.
1. O canto gregoriano
O canto como acompanhamento do serviço litúrgico, tornou-se um ritual cristão desde o século IV, após a liberalização do cristianismo.
Contudo o objectivo gregoriano só lhe foi atribuído após a reforma que no final do século VI, o Papa Gregório I, ou Gregório Magno, implementou, reordenando as liturgias da missa e do ofício divino e dando-lhes a forma de sobreviveu. Quase inalterada ate ao século XX (Concilio Vaticano II). Nessa reforma, S. Gregório unificou os varios cantos que acompanhavam os rituais, até ai chamados de cantos romanos ou romana cantilena, definindo o seu papel na liturgia, da qual reconhece fazerem “parte integrante e necessária”. Com efeito, numa época em que a voz do sacerdote não possuía qualquer auxiliar, o canto desempenhou funções ministeriais: exprimia a oração de forma mais suave, favorecia o carácter comunitário da mesma e conferia amplitude e solenidade à palavra das escrituras e aos ritos.
Influenciado pelas musicas gregas e romanas e pelos cantos da sinagoga judaica, o canto gregoriano é uma música monódica (que possuía uma só melodia), de ritmo livre, destinada a acompanhar textos latinos retirados da Bíblia – Os Salmos.
O repertório foi construído anonimamente pelos Magistri Romanae Ecclesiae e era aprendido de cor, pois, no inicio, não se conhecia qualquer processo de notação musical.
Usavam-se apenas alguns sinais alfabéticos, ajudando a lembrar quais as sílabas que se deviam abrir ou fechar. No seculo VIII, começaram a aparecer registos gráficos, os neumas in campo aperto, isto é, sem designação dos intervalos, como auxiliares de memória. Os neumas ou sinais, derivaram dos acentos gramaticais  e foram-se multiplicando. No final do século IX, começaram a aparecer sistemas de letras como pontos de referência para a classificação dos sons, na tentativa de simplificar a leitura musical.
Para apoiar o rito da missa existiam livros – livros litúrgicos das horas – usados para a interpretação das liturgias ou para acompanhamento do serviço. Segundo eles na missa a primeira peça cantada é a antifona ad introitum, a que se seguem o gradual, a alleluia ou Tractum Offertorium e o Communio, peças que variavam de missa para missa; a estas vem juntar-se os cantos colectivos como o kyrie, a gloria, o credo, o sanctus e o Agnus Dei.
Com a Acção de missionários cantores, este canto espalhou-se pelo Ocidente Cristão. Após o século XV, com o advento da polifonia e a decomposição dos neumas, o canto gregoriano degenerou.
O canto gregoriano foi o mais antigo, rico e artístico do manancial melódico medieval. Dele derivou a música erudita cristã e foi base da tradição musical até ao Barroco.



2. São Pedro de Rates
Nos finais do século IX, já existia em Rates um mosteiro (de frades bentos) com uma igreja de três naves. Seria nesta construção que se iniciaram algumas alterações por mando do conde D. Henrique e de D. Teresa; em 1100, estes condes doaram-na ao priorado cluniacense de Santa Maria da Caridade, em Auxerre, França, tornando-a, assim a primeira construção da congregação de Cluny em Portugal.
Entre a primeira metade do século XII e a segunda metade do seculo XIII, o edifício da igreja foi sujeita a muitas obras hoje comprovadas por algumas incongruências nas estruturas arquitectónicas ( como naves laterais com larguras diferentes, tramos desiguais, pilares e contrafortes não alinhados e fachada principal assimétrica) e na decoração, nomeadamente dos portais, capitéis, frisos e modilhões (cujos revelos apresentam elementos baseados na tradição local e nas influências dos modelos da Galiza e do românico coimbrão – com animais, como leões, aves de asas abertas, cabeças de boi e folhas estilizadas).
A conclusão da construção da igreja foi precipitada, certamente, por dificuldades económicas (a prova é a cobertura das naves ter sido só em madeira quando elas estavam preparadas para aguentar também abobadas de pedra).
Em 1515 o mosteiro foi extinto e demolido.
Mas a alteração mais discutida foi a que se realizou em 1940-41 com a demolição da abóbada atresoada.
Porém, São Pedro de Rates apresentara sempre um aspecto maciço, rude, simples no interior e exterior da sua volumetria horizontal e fechada, apenas esporadicamente decorada nos portais, nas cabeceira e nos capitéis com temática animalista. Será sempre uma prova da mentalidade e da mensagem românica para a Cristandade.




EXEMPLOS DE TESTES


A desagregação do Império Romano

Dois movimentos conjugados contribuíram para a desagregação do Império Romano: o Cristianismo e as Invasões Bárbaras. O primeiro, provocou uma alteração muito significativa no campo das mentalidades, pois introduziu uma nova visão da religiosidade, e não só, chegou mesmo a propor uma nova e revolucionária organização social. O segundo, gerou uma disposição nos espaços do antigo Império, a pouco e pouco, a unidade política que Roma havia construído deu lugar a uma fragmentação territorial, assistindo-se assim, à génese de muitos dos actuais países europeus, que resultaram directamente da síntese cultural que foi feita entre a cultura do Império e a cultura dos povos invasores.
A vida material também sofreu importantes alterações estruturais. Com o fim das vias de comunicação, sobretudo das estradas romanas, surgiu uma nova organização económica que, ao contrário da anterior, era pobre, pouco dinâmica, insegura e ineficaz. Logicamente, esta desorganização das trocas fez aumentar a fome e a fome levou as massas para os campos e submeteu-as à servidão perante os dadores de pão, os grandes proprietários.

Baseado em Jacques Le GoffA Civilização do Ocidente Medieval, Lisboa, ed. Estampa, 1994

doc2
O mosteiro

O monaquismo cristão surgiu no Oriente, no século IV. Nasceu ligado ao desejo de isolamento e de evasão do mundo profano. No Ocidente, o monaquismo apareceu mais tarde, no final do século V, por iniciativa dos bispos. A partir do século VI, surgiram os primeiros legisladores da vida religiosa comunitária como são Bento. Os regulamentos que este escreveu para os cenobitas (monges), serviram de modelo à grande maioria dos mosteiros europeus. Isto deveu-se ao rigor e espírito de perfeição posto por São bento na sua regra. (…)
Os mosteiros eram concebidos como pequenos mundos autónomos e auto-suficientes, virados para o interior e fechados ao exterior. Centros de oração, meditação e ascese, os mosteiros deste período foram muito mais do que isso. Beneficiados pelas condições da época, os mosteiros transformaram-se em centros dinamizadores da economia. Mas o seu principal papel foi no campo cultural, centros privilegiados de produção intelectual, os seus habitantes transformaram-se nos principais guardiães do saber erudito durante a Idade média, de facto, os mosteiros representaram durante esta cronologia, os principais centros de difusão cultural.

Baseado em Ana Lídia Pinto, História da Cultura e das Artes, Porto, Porto editora, 2007
doc3
Jihad

Ó crentes! Ponde-vos em guarda! Lançai-vos contra os vossos inimigos em grupos ou em blocos. (…) Àqueles que combatem na senda por Allah, quer estejam mortos, quer estejam vitoriosos, conceder-se-á uma enorme recompensa. Como não combatereis na senda de Allah, em favor dos homens débeis, das mulheres e das crianças que dizem: “Senhor nosso! Irai-nos deste povo cujas sendas são injustas! Dai-nos um chefe designado por Voas! Dai-nos um defensor designado por Vós.
Corão, 4, 73 

As cruzadas

Ela é verdadeiramente santa e segura essa cavalaria (…) desde que combata por Cristo (…) para os cavaleiros de Cristo, é em toda a segurança que combatem pelo senhor sem temor de pecar por matar os seus adversários, nem de se perderem, se morrerem eles próprios. Quer dêem a morte quer a sofram, é sempre uma morte por Cristo, não tem nada de criminoso e é muito gloriosa: com efeito se matam fazem-no pelo Senhor, se morrem, o Senhor está com eles.

S. Bernardo de Claraval, Elogio da Nova Milícia (1091/1153)


1.1)        Dos referidos documentos, selecciona dois elabora um comentário tendo em conta os pontos abaixo mencionados.

doc1 A desagregação do Império Romano

  • As principais rupturas provocadas pelo Cristianismo no campo das mentalidades.
  • O contributo das invasões bárbaras para a configuração espacial do Antigo Império Romano.
  • As invasões Bárbaras e a desagregação das antigas estruturas romanas.
  • O nascimento da Idade Média e da sociedade feudal.

doc2 Os mosteiros na Idade Média

o        Os mosteiros e o isolamento da vida mundana.
o        As vivências internas – a Regra seguida pelo mosteiro.
o        O seu papel enquanto centros difusores e centros limitadores de transmissão cultural.
o        O mosteiro enquanto instituição feudal.

doc3 A Jihad e as Cruzadas

  • Os confrontos entre o mundo ocidental e o Islão durante a Idade Média.
  • A atitude religiosa das religiões em confronto.
  • A difusão e a imposição da palavra de Deus.
  • Os principais problemas que esta questão ainda coloca nos dias de hoje.
III
1) Observa com atenção a planta que se segue


doc8



Planta da catedral românica de Santiago de Compostela, século XII

1.1)        Preenche os espaços em branco.

1.2)        Indica que nome se dá a este tipo de planta.

1.3)        Identifica as partes que compõem o alçado da nave principal.

1.4)        Descreve o sistema de iluminação da catedral românica.

1.5)        Coloca um círculo à volta da cabeceira.

1.6)        Explica as principais características da arquitectura românica.
1)    Lê com atenção a seguinte frase

doc9
Opinião do Papa Gregório Magno acerca das obras de arte

as obras de arte têm pleno direito de existir, pois o seu fim não era ser adoradas pelos fiéis, mas ensinar os ignorantes. O que os doutores podem ler com a sua inteligência nos livros, o vêem os ignorantes com os seus olhos nos relevos e nas esculturas.”

Papa Gregório Magno (540/604)

2.1) Justifica a frase do Papa Gregório Magno, tendo em conta a principal função da escultura românica.

2)    Observa com atenção as seguintes pinturas murais românicas


3.1) A partir das imagens, descreve as principais características da pintura mural românica.

 B - Lê com atenção os seguintes textos

  
“Eu diria que se a Idade Media não é um período áureo… também não é a época obscurantista e triste. Há que considerá-la no seu conjunto. Em relação á Antiguidade, é, em muitos aspectos, um período de progresso.(…) Há certamente uma ignóbil Idade Média: os senhores oprimiam os camponeses, a Igreja era intolerante… as fomes eram frequentes, os pobres inúmeros… Há também a bela Idade Média…. A dos cavaleiros, a da Arte Românica, a da cor… A Europa começa a constituir-se na Idade Média.”

1-Caracterize a Idade Media nos aspectos económico, social, politico, cultural, religioso e artístico.
 “Os homens e as mulheres da Idade Média tiveram então a sensação de pertencerem a um mesmo conjunto de instituições, crenças e hábitos: a Cristandade.”

2-Defina Cristandade.
“ Mas há vários tipos de monges (…) distinguiram-se pela fundação de mosteiros (…) os monges irlandeses (…) no século VI, o monge Bento de Núrsia, elaborou uma regra moderada (…) os monges beneditinos (…) as ordens de Cluny e de Cister, São Bernardo de Claraval.”

3-Defina Mosteiro como instituição e como construção arquitectónica.

4-Descreva as principais características do estilo Românico.



5 -Identifique os seguintes elementos da arquitectura românica.
    6. O estilo românico é um estilo de arquitectura caracterizado por (assinale com um X as respostas certas)
 Construções austeras e robustas.
  Com paredes finas com grandes janelas
  Igrejas pouco iluminadas, com minúsculas janelas.
 Uma das funções destas estruturas era a de resistir aos ataques dos inimigos
□ Apresenta formas complexas e muito decoradas.
□ Os edifícios apresentam uma decoração muito simples e pouco requintada.
□ Igrejas altas, com luz e paredes sem contrafortes.
□ A planta em cruz latina representa a cruz onde Jesus Cristo foi morto.
□ A pressão contínua exercida pela abóbada da nave central é descarregada, através dos arcos, para os pilares e transmitida, igualmente sobre as naves laterais para as paredes exteriores do edifício.    


7. Identifique os seguintes elementos da arquitectura românica.