Ao contrário dos artistas
florentinos, que desenvolveram o desenho para obter uma imagem da realidade
vista através dos “olhos da razão”, os artistas venezianos contemplaram o mundo
através dos sentidos, manipulando a luz e a cor em resultados muito mais
sensuais. Apesar de ter morrido cedo, Giorgione (1478-1510) foi um dos pintores
mais influentes do seu tempo. Obra de significado enigmático e inspiração
poética, A Tempestade (fig.45) revela a cor como matéria
privilegiada da execução da execução pictórica, e a paisagem como tema
dominante do ambiente nostálgico e pastoral criado,
Discípulo de Giorgione,
Ticiano (c. 1490-1576) dominou a pintura veneziana durante quase 60 anos, ao
longo dos quais pintou todo o tipo de assuntos, dos mais clássicos e sensuais
aos mais dramáticos e expressionistas, em toos eles desenvolvendo as
virtuosidades plásticas da luz e da cor, e explorou as potencialidades da
pintura a óleo. A fama que adquiriu com A
Assunção da Virgem (fig.47), trouxe-lhe encomendas das mais altas
individualidades europeias, desde o Papa Paulo III aos imperadores Carlos V e
Filipe II ou aos duques de Mântua, Ferrara e Urbino. Diana e Actaeon (fig.46) é uma das suas Poesies, ou “reflexões poéticas”, tal como designou a série de
quadros mitológicos inspirados nas Metamorfosis
de Ovídio que realizou para Filipe II.