O Renascimento Pleno em Itália. Bramante, Leonardo, Rafael e Miguel Ângelo e o apogeu do Classicismo | M5
O que se entende por
Renascimento Pleno, Alto Renascimento ou até Renascimento Clássico, consiste
num curto período de tempo (c. 1495-1520) em que um grupo de quatro génios –
Bramante, Leonardo da Vinci, Rafael e Miguel Ângelo -, aprofundou as conquistas
artísticas dos seus predecessores e elevou o Renascimento à sua máxima
expressão.
Bramante - Tempietto de San Pietro in Montorio |
As primeiras obras de
Donato Bramante (1444 – 1514) revelaram, desde logo, um espirito inquieto e
inovador, de inspiração humanista e diligente na pesquisa de uma perfeição
ideal, que sintetizou no Tempietto de San
Pietro in Montorio, uma construção que, apesar da sua dimensão
insignificante (6m de diâmetro), logo se converteu num autentico manifesto da
nova arquitectura. A extrema simplicidade estrutural, o rigor e a perfeição que
obteve na utilização das ordens arquitectónicas e o harmonioso sistema de proporções
do conjunto, levaram os homens do seu tempo a considerar o Tempietto a mais
perfeita recriação da arquitectura clássica.
Em Roma, Bramante explanou
o seu programa clássico e monumental, alicerçado num equilibrado jogo de
“volumes espaciais”, buscando a “forma ideal”, na nova Basilica de São Pedro do Vaticano. Apesar das transformações que o
seu plano sofreu manteve-se a planta em cruz grega inscrita num quadrado e
rematada por uma gigantesca cúpula, que, segundo o Papa, deveria ofuscar os
maiores monumentos da Na Antiguidade.
Já Leonardo da Vinci (1452
– 1519), revelando as suas invulgares capacidades em áreas tão diversas como a
pintura, a escultura, a arquitectura, a matemática, a filosofia, as ciências
naturais, a astronomia, a física e a engenharia, encarnou melhor que ninguém o espírito humanista do Renascimento. Numa das obras mais célebres, A Última Ceia (fig. 38), aplicou a
perspectiva com rigor cientifico, atenuando ao limite a distinção entre o
espaço real e espaço fictício. Mas, ao contrário da pintura do Quattrocento, em que a arquitectura
parecia sobrepor-se à acção dos homens que nela se moviam, Leonardo concentra
todo o interesse na acção humana. Tal como afirmou nos seus “cadernos”, a
finalidade da pintura não era recriar a aparência do mundo exterior, mas
representar “ a intenção da alma do homem”.
É o que nos apresenta noutra
obra-prima, Mona Lisa, onde para além
do sorriso enigmático do seu rosto, nos deparamos com uma natureza não menos
misteriosa, que, de resto, também o fascinou como cientifico. Aqui, Leonardo
introduziu o sfumato e a perspectiva
aérea – uma reacção à perspectiva linear em que os contornos se “esfumam” e as
formas perdem nitidez à medida que se esbatem no horizonte -, técnicas
inovadoras que caracterizam a sua obra. O desenho é entendido como cosa mentale, um processo intelectual ou
instrumento que conduz à experimentação e ao conhecimento.