Em
meados da década de 50 do século passado, surgiram formas de arte de
características efémeras, que reflectiram por um lado as influências das
primeiras vanguardas - futurista, dadaísta e surrealista -, pelo facto de terem
provocado e assumido o desenraizamento do objecto e, por outro, do Informalismo
e, em particular, da Action Painting, recuperando a acção e
entendendo-a como atitude.
Estes
vão ser os princípios básicos que irão dar origem à performance, ao happening
e à BodyArt. As primeiras manifestações da "arte como
atitude e como acontecimento" estiveram ligadas às acções levadas a
cabo, primeiramente, pelo
músico John Cage (1912-1992)
e pelo coreógrafo Merce Cunningham (n.
1919), que constituíram verdadeiros happenings.
No seu trabalho
conjunto (iniciado em 1942 e que durou até à morte de Cage), propuseram uma
série de inovações radicais no que concerne à relação dança/música. Música e
dança partilhavam uma estrutura/tempo, simultaneamente independente e
interligada. Nestas obras não se contava uma história nem se exploravam estados
psicológicos, mas o drama estava presente, dado pela intensidade cinética e
teatral do movimento, onde a condição do humano era colocada em palco. Os
bailarinos muitas vezes nem tinham conhecimento prévio da música, por isso
Cunningham afirmou: (em palco) "Tu não estás necessariamente no teu
melhor, mas no mais
humano". É esta ritualização - a relação física do bailarino
consigo próprio e com o outro, sugerida por atitudes e gestos ou apenas por
expressões faciais, sobretudo o olhar - que tem um papel fundamental nestas
novas formas de arte.
Enquanto
movimento o happening não tem definição nem regras específicas, podendo
apenas ser considerado como uma vivência que põe em relevo uma
estreita ligação entre a Arte e a vida. Não é, apesar disso, uma representação teatral, pois não conta uma história. Coloca, antes, o espectador e o seu autor numa atitude expectante e atenta a determinados factos, acontecimentos ou
estreita ligação entre a Arte e a vida. Não é, apesar disso, uma representação teatral, pois não conta uma história. Coloca, antes, o espectador e o seu autor numa atitude expectante e atenta a determinados factos, acontecimentos ou
vivências.
E, como se vive de uma só vez, nascendo e desaparecendo no acto do fazer, constitui
a mais pura expressão de arte efémera, combatendo, ao mesmo tempo, o
mercantilismo artístico.
À
semelhança dos ready-made, um facto ou uma acção são
descontextualizados, tomando a dimensão de um ritual que reaviva a função
mágica da arte, perdida com a industrialização e a civilização tecnocrática.
Estes rituais desembocam em novos comportamentos artísticos, com novos ritos
e novos mitos, nomeadamente os ligados à sexualidade, muito abordados nos
anos 60.
O happening
pretendeu chegar a um público vasto, espectador e participante na criação e
desenvolvimento da acção.
Allan Kaprow |
Os
primeiros autores foram: Allan Kaprow (n. 1927), que foi discípulo de
Cage e o inventor do happening ,os japoneses do grupo Gutai,
criado em 1954 (o seu fundador foi Jiro Yoshihara (1905-1972) que, em
conjunto com os seus companheiros, levou a cabo diversas acções onde
representaram o horror da guerra e as experiências de Hiroxima e Nagasáqui); e
os alemães do grupo Fluxus, que construíam acções quase sem improvisação
como é o caso de WolfVostell; outro dos participantes, Joseph Beuys (1921-1986),
foi um dos mais importantes protagonistas das grandes transformações artísticas
operadas nestas últimas décadas do século XX - principalmente com os seus Environements
-, estando a sua actividade artística perfeitamente identificada com a sua
vida e vice-versa.
A performance
é uma actividade artística que se confunde com o happening. Tem uma
raiz conceptual, neste caso de carácter único irrepetível, esgotando-se no
próprio acto de "fazer".
Nela,
o autor ou autores desenvolvem uma actividade baseada na expressão corporal,
onde está presente a estética do espectáculo, apesar de não se assemelhar nem à
dança nem ao teatro, servindo- se das diferentes formas de actividade humana.
Os performers são, na sua quase totalidade, artistas que se dedicam ao happening.
Tal é o caso de Kaprow e de Joseph Beuys já anteriortnente
citados e, ainda, Güllter Brus (n.1938) e Hermann Nitsch (n.
1938)
Güllter Brus |
A Body
Art também desenvolve acções de curta duração e rápido desgaste.
Enraíza-se no conceito de arte-acontecimento e confunde-se com o happening e
a performance - todas elas são performativas. Mas aqui o corpo é
protagonista e utilizado como principal meio de expressão. Nesta arte estiveram
incluídas acções muito variadas que levaram a práticas brutais, de tipo
sadomasoquista. Günter
Brus e Herman Nitsch, que
integram o grupo vienense, são conhecidos pelas suas performances onde o
corpo é violentamente agredido. Já os ingleses Gilbert e Georg fizeram
actuações mais calmas. Vito Acconci participou quer na performance quer
na Body Arte e Yves Klein, nos anos 60, executou acções como as Antropométries,
consideradas como pertencentes a este movimento.
Herman Nitsch |