O Barroco na Europa | M6



No séc. XVII a maior parte dos Estados europeus eram governados por monarcas que dirigia, regimes absolutos. Mediante uma organização política centralizada na capital, uma burocracia eficaz e um exercito personalizado, o seu poder fazia-se sentir em todos os sectores da vida e, portanto, também nas artes. Sem dúvida, o exemplo mais extremo foi atingido por Luís XIV, o Rei-Sol (r. 1643-1715), que colocou ao seu serviço os artistas mais importantes de França, as fábricas e as academias, para erguer o seu grande sonho, Versalhes (Doc. 24, pág. 249), que se converteu no símbolo triunfal na monarquia absoluta. Na obra trabalharam o arquitecto Louis le Vau (1612-1670), nos jardins André le Nôtre (1613-1700) e, nos interiores, o pintor Charles le Brun (1619-1690), vindo a sua finalização a ser confiada a Jules Hardouin-Mansart (1646-1708). Assumindo uma linguagem deliberadamente classista e racional, por oposição à extravagância barroca italiana, o palácio e os jardins foram palco de faustosas festas, representações teatrais, concertos, bailes e fogos de artifício, a cargo de uma vasta equipa de artistas que trabalhavam para o rei. 
Nesta época, os Países Baixos estavam divididos em dezassete províncias, das quais sete, ao Norte, eram protestantes e dez, ao Sul, eram católicas. Peter Paul Rubens (1577-1640), originário da Flandres, foi o pintor não só da área católica, como também de toda a Europa da Contra-Reforma. Ao contrário do que sucedeu com a pintura maneirista, muito complexa, a sua pintura privilegiava a cor e apelava aos sentidos, enquadrando-se no espírito da ideologia triunfante e propagandista dos reis e da Igreja. Mantendo uma das oficinas mais activas da época, a uma escala quase industrial,  Rubens destacou-se pelo tratamento lirico das temáticas mitologicas, pela exuberância e sensualidade dos corpos femininos e pela técnica de pinceladas fluidas e sumptuosas. Também Rembrandt (1606-1669) foi favorecido pela intensa vida cultural aqui registada. Mas, ao contrário da exuberante e lírica pintura de Rubens, Rembrandt interessou-se pela sociedade do seu tempo, da qual traçou o retrato profundamente reflexivo e introspectiva do ser humano. Resultado dessa sua preocupação, foi a quantidade de auto-retractos (pelo menos cem) que executou ao longo da sua vida, permitindo-nos apreciar tanto a evolução do seu carácter como da sua técnica. Outros dos pintores mais importantes foi Vermeer de Delft (1632-1675) que desenvolveu uma pintura de extraordinária perfeição técnica, onde predomina a manipulação da luz e o rigor da composição.
Em Espanha, coincidido com o reinado de D. Filipe IV (r. 1621-1665), surgiu uma geração de artistas que elevou a pintura espanhola a níveis até então nunca alcançados. Tratou-se de Ribeira (1591-1652), com um percurso italiano muito influenciado pelo naturalismo de Caravaggio, Zurbarán (1598-1664), pintor religioso e das ordens monásticas por excelência, e Valazquez (1599-1660), notável pela sua interpretação das figuras e das atmosferas, tão realista quanto perturbadora do sentida.

Palácio de Versalhes
A cerca de 22 km de Paris, Versalhes começou por ser um pavilhão de caça de Luís XIII. Quando o seu filho Luís XIV assumiu o poder, reuniu uma equipa de arquitectos, paisagistas e pintores decoradores, para ali construírem um palácio grandioso e sumptuoso como nenhum outro.
O arquitecto Louis le Vau (1612-1670) com experiência no Louvre nas Tulherias e no palácio Vaux-Vicomte, foi encarregado da concepção arquitectónica;  o pintor Charles le Brun (1619-1690) concebeu todos os interiores incluindo as pinturas alegóricas exaltando o rei, o seu governo e as suas vitorias militares com alusões a Apolo, o deus-Sol; e o arquitecto paisagista André le Nôtre (1613-1700) projectou todos os espaços exteriores, jardins parterres (canteiros) fontes, lagos e alés (passeios e avenidas) radiais, organizados segundo o eixo do palácio e, em especial, os aposentos reis. Os jardins de le Nôtre conjugaram o classisismo dos jardins italianos, com a magnificência urbanística do plano romano de Sisto V. As centenas de fontes os jogos de água e os imensos tanques (só o grande Canal tem 1,5 km de extenção), eram alimentados por um complexo sistema hidráulico que trazia a água do rio Sena.
Numa segunda fase de contrução Jules Hardouin-Mansart (1646-1708) acresentou a celebre  Galeria dos Espelhos na fachada oriental, voltada para os jardins, e ampliou as imensas aulas Norte e Sul, onde instalou inúmeras dependências oficiais, uma capela e uma sala para ópera. As dimensões assim atingidas – 381 m de comprimento – excederam toda a escala que, até então os arquitectos barrocos nem sequer tinham imaginado; a sua superfície total, jardins incluídos, inscrevia-se num rectângulo com 4,2 x 2,9 km de superfície.

Ao tempo de morte do monarca, em 1715, o palácio alojava mais de 5000 pessoas, e entre militares e serviçais, ultrapassavam as 14 000.