A Sala de Estar Indiana é a última grande intervenção, de um
projeto de restauro iniciado em 2001
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Os andaimes ainda estão montados na Sala de Estar Indiana. Mas dentro de dois meses já não haverá sinais nem de obras nem das ruínas que era o palácio de Monserrate
Com um pequeno pincel embebido em gesso, Margarida Fonseca vai "apagando" os estreitos espaços de união entre as placas de estuque que, com gesso e cal, por estes dias são coladas no teto da Sala de Estar Indiana do Palácio de Monserrate, em Sintra, num trabalho que muito se parece com o montar de um puzzle. "Estou a fazer os remates para não se notar a diferença de um painel para outro. Para que fique uniforme", explica, no alto do andaime que ocupa grande parte da sala onde na segunda metade do século XIX Emily Cook se reunia com as suas amigas e convidadas após o jantar, durante as longas estadias que a família fazia em Sintra.
Esta intervenção, um investimento de 35 mil euros, insere-se no projeto global de restauro do Palácio de Monserrate, iniciado em 2001, sendo o último grande espaço que ainda não teve intervenção.
E dentro de dois meses não devem restar vestígios nem desta obra nem tão pouco do estado de ruína a que chegou o Palácio,comprado em 1949 pelo Estado português mas que ficou fechado e sem qualquer utilização até 2001, altura em que a Parques de Sintra - Monte da Lua, iniciou o processo de restauro.
Com um grande buraco no teto, esta era uma das salas que estava em pior estado e antes de se avançar para o restauro até se pensou em deixá-la ficar "como testemunho do estado de deterioração a que o palácio chegou", conta ao DN Sandra Alves, conservadora/restauradora da Parques de Sintra, responsável pela gestão das principais propriedades do Estado da Paisagem Cultural de Sintra, classificada como Património da Humanidade pela UNESCO em 1995.