Prado disputa 'Guernica' ao Museu Rainha Sofia


Pintado em 1937 por Picasso, o quadro retrata o bombardeamento da cidade basca pela aviação alemã.
Em 1937, Pablo Picasso morava em Paris quando soube pelos jornais do bombardeamento da cidade basca de Guernica. Sob o efeito do choque, o artista criou uma das suas obras-primas, Guernica. A obra seria exposta no Pavilhão da República Espanhola da Exposição Internacional de Paris desse ano. Desde 1992 está no Museu Rainha Sofia, em Madrid.
Passaram 73 anos desde a sua criação e a obra volta a causar polémica em Espanha, encontrando-se no meio de uma guerra entre dois dos principais museus do país: o Rainha Sofia e o Prado.
No último relatório técnico do Rainha Sofia concluía-se que a obra se encontrava em mau estado de conservação, proibindo assim qualquer deslocação - mesmo dentro do próprio museu. Este relatório condicionou os empréstimos temporários da peça a outras exposições e instituições - como ao Guggenheim de Bilbau. É com base em relatórios semelhantes que o museu tem recusado os pedidos de cedência temporária. O objectivo é evitar uma maior degradação do quadro.
Miguel Zugaza, director do Museu do Prado, tem em mente um projecto de reconversão do antigo Museu do Exército, onde passaria a estar Guernica, partilhando um espaço com outros mestres, como Velásquez e Goya. Contra esta hipótese, os responsáveis do Rainha Sofia argumentam com um parecer há 12 anos elaborado por Pilar Sedano, então à frente do departamento de restauração do museu e hoje ocupando as mesmas funções, mas... no Prado. Também o director do Rainha Sofia na altura em que foi produzido o relatório, José Guirao, é agora patrono do Prado. Zugaza argumenta que o relatório não proíbe a movimentação do quadro, se esta for realizada em condições adequadas.
Contudo, e embora o Museu do Prado pretenda adquirir a obra, o director do Rainha Sofia, Manuel Borja-Villel, afirma que este assunto nem se encontra em discussão, pois o quadro não vai ser mudado. Os conservadores do museu afirmam que é muito arriscada a mudança da obra, e acrescentam que não foram feitos contactos oficiais com o director do Prado.