A arte romana | M2


Vexilum da XIII Legião
 OBJECTIVOS DO MÓDULO 2 – A CULTURA DO SENADO
1.Explicar de que forma os Romanos conseguiram construir e dominar o maior e mais vasto império da Antiguidade Clássica.
2.Explicar a participação do imperador Octávio César Augusto na construção do Império Romano; como conseguiu unificá-lo e governá-lo.
3.Recordar a malha urbana de Roma e defini-la como "modelo a seguir" na edificação das outras cidades.
4.Explicar a importância urbanística, administrativa e civilizacional que o fórum representa dentro da cidade romana.
5.Referir as funções do Senado romano.
6.Referir o papel da Lei romana na coesão do império.
7.Explicar o que se entende por ócio.
8.Identificar as actividades em que os romanos ocupavam o seu tempo de ócio.
9.Justificar e comprovar o facto da arquitectura romana ter sido uma arte de síntese.
10.Exemplificar para cada um dos pontos:
- Arquitectura civil
- " pública
- " privada
- " religiosa
11.Referir e explicar a importância das construções "não utilitárias”, na vida do império
12.Caracterizar cada uma das formas da escultura romana (busto, estátua, estátua equestre).
13.Explicar a função do relevo e a técnica narrativa utilizada.
14. Descrever as origens da pintura romana; as técnicas usadas e para que serviu.
15.Definir as quatro fases ou estilos da pintura de Pompeia.


 
CONCEITOS-BASE:
IMPÉRIO – Estado constituído por vários territórios, um dos quais exerce domínio político e exploração económica sobre os restantes. Na civilização romana também se chama império ao período em que o magistrado supremo é o imperador.
URBE – Termo usado na Antiga Roma para designar uma cidade ou recinto urbano, geralmente rodeado de muralhas. Posteriormente passou a designar apenas Roma, a cidade por excelência.
MAGISTRATURA – Alto cargo exercido no aparelho de Estado, resultando de eleição pelos Comícios. As magistraturas romanas eram anuais, colegiais e o seu exercício constituía uma carreira pública (cursus honorum). Aos magistrados estava atribuído o poder executivo, judicial e militar, que foram perdendo à medida que o poder do imperador se reforçou.
DIREITO ROMANO – Conjunto de normas jurídicas que regeram o povo romano nas várias épocas da sua História. Os Romanos distinguiam entre Direito público (aquele que tinha por fim a organização dos assuntos da colectividade) e Direito privado (aquele que tinha por fim a utilidade dos particulares). Por sua vez, o Direito privado apresentava numerosas divisões, entre as quais o Direito civil, o Direito das gentes e o Direito natural.
PRAGMATISMO – Sentido prático, atitude que privilegia a utilidade e a eficiência como critério de actuação; é uma das características mais salientes da cultura romana.
URBANISMO – Ciência que trata do estudo e planificação do meio urbano. Os Romanos foram verdadeiros mestres de urbanismo e, nas cidades que criavam, nada era deixado ao acaso. Distribuíam áreas adequadas para as casas de habitação, as lojas de comércio, as praças públicas, os templos. Determinavam também a água que iria ser necessária, o número e o tamanho das ruas, os passeios e os esgotos, prevendo até áreas para o futuro desenvolvimento da cidade.
FÓRUM Centro administrativo e religioso de uma cidade romana, constituído por uma área destinada a reuniões ao ar livre, rodeada de edifícios e colunatas.
ROMANIZAÇÃO – Processo de transmissão da cultura romana aos diversos povos do Império. A romanização foi um processo lento que, embora de forma desigual, atingiu todo o espaço político romano. Na opinião da maioria dos historiadores, o processo de romanização culmina com o Edito de Caracala (212 d. C), que concede a plena cidadania romana aos homens livres do Império.
ACULTURAÇÃO – Processo de adaptação de um grupo ou povo a uma cultura diferente da sua. Os grupos minoritários ou os povos que se encontram sob dominação externa têm tendência para absorver a cultura dominante. Considera-se que este processo é tanto mais fácil e profundo quanto maior for o desnível civilizacional entre os dois grupos. Assim se entende que, no caso romano, as regiões do Ocidente tenham sido mais profundamente romanizadas que as do Oriente, onde o brilhantismo da cultura helénica bloqueou, em parte, o processo de romanização.
MUNICÍPIO – Cidade dotada de ampla autonomia administrativa, que se rege por instituições semelhantes às da cidade de Roma. Aos munícipes pode ser atribuído o Direito Latino (que equivale à cidadania incompleta) ou o Direito Romano (a plena cidadania), o que, em ambos os casos, corresponde a um estatuto elevado. Por isso se considera que a proliferação deste tipo de cidades favoreceu o processo de romanização.


Algumas questões importantes relacionadas com a arte romana.

  • Marque as fronteiras do Império Romano, desenhe e identifique as principais províncias.

As fronteiras do Império Romano depois das conquistas do Imperador Septimus Sevérus.
Como foi possível uma cidade dominar quase todo o mundo conhecido e mantê-lo unido durante séculos? Alicerçada em múltiplos factores, a unidade do mundo romano contou, em primeiro lugar, com o prestígio do próprio imperador, figura emblemática e sagrada, símbolo da paz e da unidade. Contou, também, com a sabedoria dos juristas que, fazendo do Direito uma ciência, criaram um conjunto de leis notável que serviu de suporte à administração e à justiça. Mas, acima de tudo, a unidade do Império construiu-se com espírito de abertura e tolerância bem como com a capacidade de estender, aos povos conquistados, o estatuto superior da cidadania. Determinados a manter pela paz o que tinham conseguido pela guerra, os Romanos espalharam por todo o Império a sua cultura: os padrões urbanísticos, as construções arquitectónicas, as concepções artísticas, as grandes obras literárias, tornaram-se no património comum de todo o mundo romano e no legado cultural que mais marcou a nossa civilização. Cidades, obras de arte, pontes e estradas lembram a presença de Roma. Nenhum vestígio, porém, permanece mais vivo do que a língua em que se registam estas palavras.

Máxima extensão do Império Romano em 117 d.C



A cidade de Roma
Roma Antiga no Google Earth

As Cidades
Quer fossem de origem militar, quer povoadas por emigrantes da Península Itálica em busca de uma vida melhor, as colónias tornaram-se um importante núcleo de desenvolvimento e de romanização, tendo contribuído fortemente para a aculturação dos povos locais. No nosso território, eram colónias PaxJuIia (Beja) e Scalabis (Santarém). Já que o seu povoamento resultava de um grupo de verdadeiros romanos, as colónias tinham direitos e privilégios iguais aos de Roma, isto é, eram cidades de Direito Romano e os seus cidadãos usufruíam da cidadania plena. Um degrau abaixo ficavam os municípios. Os municípios eram povoações ou cidades pré-existentes que os Romanos distinguiam com privilégios e se tornavam, por isso, activos focos de romanização. Aos municípios era, geralmente, concedido o Direito Latino, mas, a título excepcional, podiam obter o Direito Romano equiparando-se, neste caso, aos habitantes das colónias. De qualquer forma, o estatuto de munícipe era sempre um estatuto invejado, tanto mais que estas cidades gozavam também de grande autonomia administrativa, isto é, possuíam instituições de governo próprias, muito semelhantes às de Roma: um conselho de notáveis, a Cúria, que correspondia ao Senado, e um corpo de magistrados que percorria, igualmente, uma “carreira das honras”. O processo de extensão progressiva da cidadania completou-se, como sabemos, em 212, quando o imperador Caracala transformou em cidadãos todos os homens livres do Império.

O SENTIDO PRAGMÁTICO DA CULTURA ROMANA.A ARQUITECTURA A ESCULTURA E A PINTURA
As principais características da arquitectura romana:
É uma arquitectura caracterizada pela monumentalidade, não só pelo o espaço que ocupa, mas também pelo seu significado. Isto decorre também da ideia da imortalidade do Império.
É uma arquitectura utilitária, prática, funcional, ou seja, de sentido pragmático. Por esta razão e também pela própria estrutura do Estado, aparecem novas construções, com um grande desenvolvimento da arquitectura civil e militar: basílicas, termas, etc.
É uma arquitectura dinâmica, resultado da utilização de alguns elementos construtivos como o arco e a abóbada.
Os materiais utilizados são muito variados: pedras cortadas em blocos, argamassa, tijolo, alvenaria, madeira… Quando o material era pobre eram muitas vezes revestidos com estuque, lajes de mármore ou ornamentados com mosaicos ou pinturas.
Usa a ordem dórica, jónica e coríntia, mas a mais usada foi a ordem compósita. Também foi muito frequente a sobreposição das ordens arquitectónicas em edifícios muito altos. Normalmente no andar térreo era usada a ordem dórica, no meio a jónica e, no superior, a coríntia. Os capitéis, em geral, apresentam motivos com maior liberdade do que na Grécia e há alguns com figuração.
Aparecem grinaldas e bucranios (crânio de cabeça de boi que muitas vezes adornava a métopa da ordem dórica) como elementos decorativos.
Principais diferenças entre a Arquitectura Romana e a Grega:
A romana é uma arquitectura mais ornamentada.
A novidade dos temas decorativos.
Maior perfeição dos monumentos.
Os edifícios têm um grande utilitarismo (pragmatismo).
A arquitectura é essencialmente civil e militar, em comparação com a arquitectura essencialmente religiosa na Grécia.
Trata-se de uma arquitectura mais dinâmica face à grega, mais estática.
O arco, a abóbada e a cúpula são mais frequentemente utilizados, face ao lintel da Grécia.
Apesar destas diferenças, existem muitas semelhanças com a arte grega, pois Roma assimilou numerosos elementos artísticos e arquitectónicos dos países que incorporava no seu Império. Também era frequente empregar artistas nascidos e formados noutras regiões, sendo os principais originários da Grécia.

  • Qual a importância urbanística, administrativa, e civilizacional que a Fórum possuía dentro da cidade de Roma?
reconstituição gráfica do Fórum de Trajano
 Como sabemos, a urbanismo romano teve, também, um carácter ornamental e monumental.
A preocupação urbanística centrava-se no traçado das vias principais que atravessavam as cidades quase em linha recta, e no arranjo dos Fóruns, centros políticos, religiosos e económicos das urbes.
Roma possuía vários fóruns, que se sucederam no tempo, não só porque envelheceram e ficaram desajustados em relação ao crescimento da cidade, mas também, porque os imperadores quiseram deixar uma marca pessoal que simbolizasse e eternizasse a sua glória, imagem e poder, como no caso do imperador Trajano.
Foi nos fóruns que os romanos edificaram as construções mais importantes. Eles constituíam a síntese da arquitectura e da civilização romanas, formando conjuntos orgânicos, únicos e grandiosos, repletos de significado e história.
De maior arrojo urbanístico foram as traçados para as cidades que os romanos construíram de novo, em várias partes do império onde a vida urbana se encontrava menos desenvolvida - Gália, Germânia, Hispânia...
Estes derivaram principalmente da organização dada aos acampamentos militares. Caracterizam-se pelo traçado em retícula.ou seja em rede ortogonal, das ruas e dos quarteirões, atravessados por duas vias principais - o cardo e o decúmano.

Mapa do centro de Roma durante o Império Romano, com os vários Fóruns
A cidade romana – traçado urbanístico
Era mais centralizada do que a cidade grega, organizando-se em torno de um fórum;
FÓRUM:
centro administrativo e religioso de uma cidade romana, era uma grande praça pública e centro da vida pública (política, religiosa, comercial); tinha forma rectangular, com uma área destinada a reuniões ao ar livre, rodeada de colunatas e de edifícios religiosos e administrativos;
Dos vários edifícios do Fórum, destacam-se: A Cúria:
onde se reunia o Senado (conselho de notáveis que governavam a cidade); A Basílica: servia de tribunal público e de sala de reuniões;
No fórum e suas imediações erguiam-se os principais templos da cidade (a tríade nacional – Júpiter/Juno/Minerva – simbolizava a presença e poder dos Romanos, no templo do Capitólio);
Gosto pela monumentalidade – foram acrescentados novos espaços ao velho fórum romano, os fóruns imperiais, o que mostra o gosto pela monumentalidade, que reflectisse a glória de Roma e dos seus imperadores (este gosto está patente em quase todo o tipo de construções); Bibliotecas
e mercados públicos – situados junto aos fóruns; Termas – estabelecimentos de banhos públicos, dotados de salas de temperaturas diferentes, vestiários, piscinas de água quente e fria, palestras (onde se praticava ginástica), salas de descanso, de massagens, de reuniões. Para além da higiene, o banho era um momento cultural e civilizacional; Aquedutos – para conduzir a água dos reservatórios naturais até aos fontanários públicos e às casas particulares; Anfiteatros – local de diversão, palco de lutas com animais selvagens e com gladiadores; o mais conhecido é o Coliseu de Roma (séc. I); Circos – onde se realizavam as corridas de cavalos e de carros; Teatros – ao ar livre, onde se representavam as tragédias e comédias
 
Casas de habitação

Domus romana

A domus casa particular, onde moravam os cidadãos mais ricos (em Roma, espalhavam-se pelas colinas), com jardim interior, atrium, piscina e outras comodidades;

Villae romana



Insula romana
A insula casa colectiva alugada, lembrando os actuais imóveis, alta e frágil, construída em tijolo e madeira, que ruía com frequência ou era vítima de incêndios;

A cidade romana de Timgad, na Argélia.
Em termos de planificação urbanística, Roma foi sempre um caso à parte, quer pelo seu gigantismo, quer pelo seu crescimento um pouco anárquico; nas novas cidades, os Romanos seguiram, muitas vezes, uma planta rectilínea, com bairros bem delimitados por ruas perpendiculares – exemplo desse racionalismo urbano é a cidade de Timgad.


a XIII legião na Germânia
Factores de Coesão do Império – Síntese
Apesar da sua extensa, o Império Romano constituiu um mundo politicamente coeso, onde os povos conviviam em paz e respeitavam a autoridade estabelecida. Tal facto deveu-se, em grande parte, à forma hábil como os Romanos souberam administrar as regiões submetidas:
Promoveram a vida urbana como centro de poder local e de difusão da sua cultura. O Império revestiu a forma de uma federação de cidades que, apesar de submetidas ao poderio de Roma, dispunham de estruturas administrativas próprias que lhes conferiam uma considerável autonomia.
Divinizaram a figura do imperador e, com ela, a autoridade do Estado. Adorado como um deus em todas as regiões do Império, o imperador tornou-se o garante da paz e da prosperidade dos povos, detentor de um poder supremo e incontestado.
Organizaram um conjunto de leis notável pelo seu rigor e pela sua amplitude. Os Romanos criaram o Direito tal como hoje o concebemos, alicerçado na justiça e na equidade utilizando-o como elemento regulador da paz e da ordem imperiais.
Estenderam progressivamente a condição superior da cidadania aos' povos dominados. Participantes dos mesmos direitos e da mesma dignidade dos seus conquistadores, os habitantes do Império deixaram de se sentir súbditos e passaram a olhar-se como verdadeiros romanos.
Unida pelo mesmo modelo urbano, pela obediência às mesmas leis e à autoridade do imperador, a Europa adquiriu uma feição civilizacional própria, uma marca de latinidade que persistiu até aos nossos dias.


A moeda romana
moeda de Trajano

Tipo de moeda: Quadrans Material: Bronze Local de cunhagem: Império Romano Ano de cunhagem: 107 d.C Estado de Conservação: BC+  Tamanho: 16,37 mm Peso: 2,47 g.
Detalhes: 
Anverso: “IMP CAES NERVA TRAIAN AVG” Busto laureado do imperador virado a direita
A moeda romana poder fornecer informações do nome do imperador, do seu pai, das suas conquistas, do seu consulado, se era considerado pai da patria (pater patrea), chefe da igreja romana (pontifice máximus) sagrado (augusto), etc.
Ao cunhar essa moeda, o Imperador Trajano comemora sua famosa e vitoriosa campanha contra os dácios, povo que habitava províncias além do Danúbio e se revoltou contra o domínio imperial romano, entre os anos 101 e 106 d.C.  Depois de ter subjugado esse povo rebelde e pacificado a região, Trajano quis que sua vitória fosse para sempre lembrada, por isso organizou grandes eventos públicos, como banquetes, lutas de gladiadores e erigiu uma série de monumentos, dentre os quais o mais famoso é a Coluna de Trajano no Fórum também construído por esse imperador, que até hoje pode ser vista na região de Quirinale. A moeda aqui anunciada também pode ser considerada como um tipo de monumento, pois nela o imperador se nomeia "Gemanicus" e "Dacicus", para lembrar a todos os seus súditos - uma vez que as moedas romanas eram cunhadas para circular por todo território imperial - de suas vitórias.



As quatro fases ou estilos da pintura de Pompeia
As casas de Pompeia, de Herculanus e da capital atestam a grande difusão da pintura mural na antiga Roma. As mais antigas pinturas romanas conhecidas são os frescos descobertos numa tumba do monte Esquilino e datam aproximadamente do século III a.C. Assim como a escultura, a pintura em sua primeira fase reflecte a influência etrusca e, em seguida, itálica e helénica. Os quatro estilos das pinturas murais de Pompéia encontram correspondentes no resto da Itália.

Casa de Salústio
 O primeiro estilo ou estilo de incrustação, imita obras da Anatólia e da ilha de Delos e reproduz revestimentos de mármore multicolorido. Entre 70 a.C. e o ano 20 da era cristã.

Villa dos mistérios
 O segundo estilo ou estilo arquitectónico - da casa de Cleópatra, construída por Julius Caesar, e da casa de Augustus, em Roma - apresenta técnica aprimorada e baseia-se em originais gregos. Os painéis parecem abrir-se para paisagens e palácios povoados por personagens da Mitologia Grega.

Casa de Lucretius Fronto
O terceiro estilo ou estilo ornamental, aparece em Pompeia no fim do século I a.C. O realismo dá lugar à idealização e os personagens míticos dominam completamente as paisagens. 

Casa dos Vetti
 O quarto estilo ou estilo cenográfico, corresponde ao reinado de Nero, entre os anos 54 e 68. Os motivos arquitectónicos derivam-se do teatro e emolduram com arabescos composições mitológicas, como na casa dos Vetii, em Pompeia, e na casa do Tocador de Cítara, em Herculanus. Seguiu-se uma expansão da arte religiosa a serviço dos imperadores divinizados. Os temas referem-se sobretudo à imortalidade da alma e à vida depois da morte. Na arte mural, destacam-se também os mosaicos, de forte influência oriental