Ai Weiwei instala câmaras em casa para que autoridades chinesas o vigiem melhor

Imagem de uma das câmaras de Ai Weiwei e que mostra o artista em frente ao computador

Exactamente um ano depois de ter sido detido sem qualquer explicação pelas autoridades chinesas, artista plástico Ai Weiwei volta a desafiar o regime de Pequim ao instalar quatro câmaras em sua casa com transmissão directa na Internet. O objectivo: levar à letra a vigilância de que se diz vítima.
O artista, de 54 anos, esteve detido durante 81 dias num local secreto, numa altura em que as autoridades chinesas tinham uma operação contra activistas e dissidentes, o que gerou uma forte contestação internacional. Sem motivo aparente e sem se conhecer o paradeiro do artista, foram muitas as manifestações e pedidos de explicações sobre o sucedido, o que levou a que o Governo chinês justificasse a detenção de Ai Weiwei com evasão fiscal. Mas o artista não tem dúvidas: foi detido ilegalmente pelas suas opiniões contrárias ao regime. 
Apesar de ter saído em liberdade em Junho, Ai Weiwei foi proibido de sair de Pequim, de dar entrevistas e de usar o Twitter durante um ano, continuando a ser vigiado pelas autoridades. No entanto, o artista já mostrou que não leva as proibições a sério e continua a desafiar o regime. Depois de entrevistas a criticar a China e a actuação das autoridades e de uma ou outra aparição nas redes sociais, agora Ai Weiwei foi mais longe. 
Respondendo à constante vigilância das autoridades, o controverso artista instalou quatro câmaras em sua casa, permitindo que, através de um simples clique, qualquer pessoa possa ver o que está a fazer em tempo real, incluindo as próprias autoridades. 
“Na minha vida há tanta vigilância e controlo, no meu telefone, computador... O nosso escritório foi revistado, eu fui revistado. Todos os dias sou seguido, existem câmaras de vigilância em frente à minha casa”, contou o artista à AFP, explicando que espera com esta acção que as autoridades mostrem mais transparência em todo o caso. 
Ainda na semana passada, as autoridades chinesas recusaram a audiência pública que tinha sido pedida por Ai Weiwei para que fosse reconsiderado o processo em que é acusado de fuga ao fisco.
“Até agora não existem respostas claras e é por isso que eles [autoridades] me põem neste tipo de situação”, continuou o artista, que nega todas as acusações e que não duvida de que o regime o queira apenas calar. 
O ano de proibição termina no dia 22 de Junho mas Ai Weiwei ainda tem dúvidas se depois dessa data será um homem livre.
“Suponho que ficarei livre, a não ser que me acusem e me prendam outra vez. Não sei, as coisas nunca são verdadeiramente claras”, concluiu.