A colecção do Museu do Chiado – MNAC atravessa a
história da arte portuguesa desde a 2.ª metade do séc. XIX até à actualidade,
constituindo um pólo museológico incontornável para o seu conhecimento.
O início da colecção é marcado pelo surgimento
do Romantismo, em meados do séc. XIX. Artistas como Tomás da Anunciação ou
Cristino da Silva, traduzem o espírito romântico a partir de paisagens
desmesuradas, de localizações agrestes ou exuberantes e luzes crepusculares
cenográficas. O animalismo e o retrato completam as temáticas românticas,
destacando-se na sua prática Anunciação e Luiz de Menezes. O retrato haveria
também de ser objecto de uma reconsideração de pendor realista na obra de
Miguel Ângelo Lupi.
Um momento de renovação foi vivido com a
introdução, por parte de Silva Porto e de Marques de Oliveira, de investigações
em torno das possibilidades da luz natural, actualizando o entendimento da
natureza e da sua abordagem pictórica. A paisagem tirada do natural será o
campo de experimentação privilegiado do Naturalismo, tal como o retrato, que
encontra excelente representação na obra de António Ramalho e, sobretudo, de
Columbano Bordalo Pinheiro.
Transportando novidades plásticas, o Simbolismo
de António Carneiro e de Sousa Lopes marcam a transição para o séc. XX, que
havia de iniciar-se com uma breve mas marcante explosão vanguardista, tendo as
suas melhores concretizações na obra de Amadeo de Souza-Cardoso, na quase única
obra de Santa Rita e no Orfismo de Eduardo Viana. Outras vias de renovação são
definidas pelo Expressionismo de Mário Eloy dos anos 20 e pelo Dimensionismo e
Surrealismo que António Pedro desenvolveu nos anos 30, lançando uma ponte para
a jovem geração surrealista de anos 40.
A par destas pesquisas inovadoras, um grupo de
artistas engrossa o Modernismo português, definido por um “indispensável
equilíbrio” consonante com a “política do espírito” de António Ferro. Assim,
Almada Negreiros, Dordio Gomes, Abel Manta, Bernardo Marques, Carlos Botelho,
ou os próprios Viana e Eloy, e os escultores Canto da Maia, Diogo de Macedo ou
Francisco Franco, desenvolverão as suas pesquisas à volta de um classicismo que
tem como referências fundamentais a organização volumétrica de Cezánne e o
Picasso classicista.
As preocupações políticas não experimentam uma
articulação plástica até ao Neo-realismo dos anos 40, quando um grupo de
artistas, entre os que se destacam Manuel Filipe e Júlio Pomar, outorgam por
deformações expressivas uma configuração formal à crítica social.
Simultaneamente, desenvolve-se o Surrealismo, que reactualiza o discurso
plástico através da experimentação e do acaso nos processos de produção.
António Dacosta, Marcelino Vespeira, Fernando Lemos, Fernando de Azevedo, Jorge
Vieira ou Mário Cesariny serão os principais representantes. A Abstracção,
introduzida em 1944 por Fernando Lanhas, completa este panorama. Lanhas
desenvolve a sua obra solitária até que Jorge Viera na escultura e
Nadir Afonso e Joaquim Rodrigo na pintura se interessam pela abstracção.
As décadas de 60 e 70 consolidam uma ruptura em
termos plásticos com a actualização de pressupostos e modos de fazer,
retomando-se o espírito de vanguarda e multiplicando-se os artistas e as
tendências que os preocupam: desde a entrada da Nova Figuração com as obras de
Paula Rego e Joaquim Rodrigo, até à Nova Abstracção que objectualiza a pintura
de Jorge Pinheiro, passando pela experimentação sobre o objecto de alguns dos
membros do grupo KWY, em especial Lourdes Castro e René Bértholo, pela
adaptação da Pop ao contexto português que faz Sá Nogueira, pelo aprofundamento
de questões perceptivas de Noronha da Costa ou Jorge Martins, pela pesquisa
sobre o signo de António Sena e João Vieira ou pela actividade dentro de
pressupostos da Land Art e do movimento Pós-conceptual dominantes no exterior,
entre eles destacando-se Alberto Carneiro, Helena Almeida e Julião Sarmento .
O regresso à pintura, às figurações e ao
expressionismo vivido nos 80, assim como outras questões internacionalmente
pregnantes relacionadas com a imagem e a sua identidade estão representadas no
acervo através dos artistas mais marcantes da década: Júlia Ventura, José Pedro
Croft, Julião Sarmento, Jorge Molder, Pedro Cabrita Reis ou Rui Sanches.
Em torno da autoria, do desvio e da semelhança
articula-se o trabalho de João Penalva que, com o romantismo de Rui Chafes e a
consciência crítica do grupo Homeostético, fazem a transição para a década de
90, marcada por preocupações díspares mas empenhadas – Ângela Ferreira, João
Tabarra, Miguel Palma, Augusto Alves da Silva –, em instaurar um diálogo
reflexivo com enunciados política, social e culturalmente comprometidos. Num
labor de permanente actualização, a mais recente criação plástica encontra
representação na colecção, através das últimas produções de artistas que estão
a protagonizar a actualidade artística deste séc. XXI, como Alexandre Estrela,
João Onofre ou João Pedro Vale.
INFORMAÇÕES ÚTEIS
MNAC - MUSEU DO CHIADO
Rua Serpa Pinto, 4
1200-444 Lisboa PREÇO DA ENTRADA 4 €
1200-444 Lisboa PREÇO DA ENTRADA 4 €
Entrada gratuita mediante comprovação documental actualizada. Crianças até aos 14 anos