![]() |
Joana
Vasconcelos é uma das mais conceituadas artistas portuguesas da actualidade Fotografia © Leonardo Negrão - Global Imagens
|
"A
Noiva" não foi considerada adequada para ser exposta no palácio de
Versalhes em França
A Noiva foi uma das primeiras peças em que Joana
Vasconcelos pensou quando foi convidada para expor em Versalhes, ela que vai
ser a primeira mulher a ter tal honra e a primeira portuguesa. O lustre de
tampões, que é uma das suas obras emblemáticas, adequava-se, no entender de uma
das mais conceituadas artistas contemporâneas da actualidade, como nenhuma
outra à estética do palácio francês, ao luxo do local, ao cunho que vai dar a
toda a sua exposição.
Mas a peça foi "censurada". Joana
Vasconcelos apenas explica que lhe disseram que não se adequava ao local. Não
ficou chocada porque não é a primeira vez que o seu lustre é recusado. "A
Noiva tem o condão de ficar solteira", brinca mesmo, dizendo apenas que
esta recusa prova que "há ainda muita coisa para fazer" enquanto o
tampão for "um objecto vetado pela sociedade" e sinta que há
"locais" onde "não é correcto" ser apresentado, porque
significa uma libertação da mulher (ler entrevista completa na revista Notícias
Magazine de hoje).
A exposição, que inaugura no dia 19, contará,
contudo, com outras peças importantes na carreira de Joana Vasconcelos, como os
sapatos Marilyn, feitos de panelas e tampas das mesmas, ou os Corações
Independentes, o vermelho e o preto, feitos com garfos de plástico a imitar
filigrana. E, claro, a artista criou várias outras instalações com as quais
espera surpreender um público sempre muito exigente: um helicóptero de plumas
dourado, a Perruque, um móvel tipo ovo Fabergée, feito na Fundação Espírito
Santo, coberto de postiços de cabelo que irá para o quarto de Maria Antonieta;
o Vitral, uma tapeçaria gigante, feita na fábrica de Portalegre; as três
Valquírias, peças que ficarão suspensas sobre a sala das Batalhas, cobertas com
vários tecidos (a Royale Valquíria, com tecidos de Versalhes, a Golden
Valquíria, toda dourada, e a Rural Valquíria, com tecidos de Nisa), e ainda
estátuas de leões tapados de renda vinda dos Açores.
Joana Vasconcelos visitou várias vezes Versalhes e
contou com uma equipa de cerca de cem pessoas (incluindo os artesãos nacionais)
para montar esta exposição, que inaugura dia 19.