O único expoente do
movimento impressionista que tomou parte em todas as exposições organizadas
pelo grupo foi Camille Pissarro, pintor sensível, capaz de captar as novidades
propostas pelos artistas mais jovens e de aproximar-se de personalidades
complexas como Paul Cézanne e Paul Gauguin. Foi sua a ideia de convidar Seurat
e Signac para a exposição impressionista de 1886, um decisão que suscitará
algumas perplexidades nos outros membros.
Pissarro, nascido em 1830, foi
realmente dos poucos da sua geração a compreender e a aceitar o estilo
pontilhista. Esta pequena mas valiosíssima tela testemunha, assim, a adesão
pessoal do artista à nova linguagem. Embora as atmosferas e o tema sejam ainda
de matriz impressionista, o estilo mudou radicalmente.
Pissarro procede por
breves toques de cor pura, sobrepondo-as segundo leis ópticas precisas, como
Georges Seurat, bastante mais novo, preconizava na época. Exemplar é a
utilização estudadíssima das cores complementares: às vírgulas amarelo-escuras
dos cabelos das duas figuras juntam-se pequenas pinceladas violáceas, nos
verdes fios da erva escondem-se outros tantos pontos vermelhos, e assim por
diante, procedendo por justaposições cromáticas cientificamente estudadas.