A ESCULTURA ROCOCÓ | M7




Próxima da estética barroca pela expressão plástica, mas  igualmente oposta e ela pelas novas formas, objectivos e materiais, a escultura deste período apresenta características inovadoras.
Continuando a apreciar e a acentuar as linhas curvas e contracurvas, os escultores do Rococó tornaram-nas todavia, mais delicadas e fluídas  organizadas em estilizados esses(S), em expressivos cês (C) ou ainda em contra curvados duplos.
Na figura humana, utilizaram o cânone anatómico maneirista, de corpos alongados e silhuetas caprichosas, e procuraram conferir-lhe leveza e graciosidade nos gestos, nas atitudes e nas posições, em tudo galantes, cortesãs ou lânguidas, nos grupos escultóricos, as composições possuíam movimento e ritmo (algumas personagens parecem quase dançar) e um elevado sentido cénico, fazendo enquadramento perfeito da escultura com o cenário a ela destinado.


No período Rococó, a escultura cultivou principalmente dois géneros: a escultura decorativa, parte integrante da arquitectura, pois cobria quase todas as estruturas e superfícies construídas com rebuscados e movimentados relevos de inspiração naturalista; e a inovadora estatuária de pequeno porte, destinada sobretudo a interiores, com funções decorativas e/ou de entretenimento. 


A ela podemos remontar a tradição do bibelot. A pequena dimensão foi praticada, inclusive, em modalidades como o retrato (bustos, geralmente), a estatuária religiosa e as composições mitológicas e alegóricas tão ao uso da época.

Mercury_Pigalle_Louvre
Os materiais mais utilizados foram a pedra e o bronze (para as grandes obras escultóricas de exterior); também o bronze, o ouro e a prata ( para a escultura de pequena dimensão e objectos ornamentais); a madeira, a argila, o estuque e o gesso (estes dois últimos muito usados na decoração mural dos interiores, principalmente em Itália) e uma novidade – a porcelana – a que os franceses deram o nome de biscuit, material muito usado na produção de pequenas esculturas e pintores de nomeada como os franceses Étienne-Mauríce Falconet (1716-1791) e boucher, na oficina francesa de Sévres, ainda hoje famosa; o italiano Francesco António Bustelli (1723-63), na de Nymphenburg, na Alemanha; e o alemão Kandler (1706-75), na de Meissen.


A temática preferiu temas “menores”, irónicos, jocosos, sensuais – e até eróticos ou galantes. Esta tendência manifestou-se principal mente na pequena escultura, enquanto a estatuária monumental se manteve presa aos temas comemorativos, alegóricos e/ou honoríficos  no entanto, mesmo nesta, a frivolidade dos temas acentuou-se porque: na temática mitológica preferiam-se deuses como Pan, o deus dos pastores, Vénus, a deusa do amor e da graça e pequenos cupidos alados; nos temas profanos, valorizaram-se os aspectos pitorescos ou frívolos e íntimos do quotidiano; e na estatuária religiosa, sublinhou-se o contraste entre o tema, de natureza sagrada (figuras de santos), e a forma, em requebros sinuosos, com roupagens luxuosas e maneirismos galantes, como em Ignaz Gunther (1725-75).