Estará o mercado da arte português em retoma?


Pode ser uma venda pontual, sem qualquer significado sobre as tendências gerais do mercado da arte contemporânea português, que tem estado parado. Mas, para Alexandre Pomar, administrador da Fundação Júlio Pomar, a venda do acrílico sobre tela Circé à la toupie, que o seu pai assinou em 1995, pode ser também um indício de o mercado nacional estar “a reanimar”.


A venda aconteceu esta terça-feira, na primeira noite de três de um leilão de antiguidades, arte moderna e contemporânea da Palácio do Correio Velho, que vendeu ainda por 95 mil euros outro Pomar, uma técnica mista com colagens sobre tela dos anos 1970 intitulada La Tigresse (1978).

Chamando a atenção para o facto de, ultimamente, terem aparecido no mercado quadros históricos do seu pai que acabaram por não ser vendidos, Alexandre Pomar refere que estes “são valores altos para a [actual] situação” do país, em geral, e do mercado da arte, em particular. “O mercado tem estado muito pouco aberto. [Estes valores] surpreenderam-me.”


Ambas obras foram licitadas muito acima dos valores base com que chegaram à praça. Circé à la toupie, que tem cerca de 1,95 metros por 1,30 e terá sido até hoje sido exposta uma única vez publicamente – em 2004, na exposição Júlio Pomar - A Comédia Humana, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa –, tinha um preço base de licitação de 80 mil euros, mas não atingiu a expectativa máxima da leiloeira, que era de 160 mil euros. Já La tigresse, uma obra de menores dimensões – 73 x 116 cm –, chegou ao mercado com uma base de licitação de 60 mil euros. Ultrapassou em cinco mil euros a expectativa máxima de venda da leiloeira, que era de 90 mil euros.