O Louvre vai receber obras para tornar a sua Pirâmide mais silenciosa e confortável. As obras vão acontecer até 2017 e vão acrescentar sinalética às salas, com traduções em inglês e espanhol. Uma reorganização do átrio de entrada quer tornar o espaço mais calmo e silencioso. | M10
Desde os anos 1980, quando foi inaugurada a Pirâmide do
Louvre, em Paris, o museu francês cresceu muito: na altura, cerca de 3 milhões
de pessoas visitavam o museu por ano; hoje são mais de 9 milhões e prevê-se que
em 2025 sejam 12 milhões. Para acompanhar estes novos tempos, o Museu do Louvre
vai investir 5,3 milhões de euros no projecto Pirâmide, que quer
acabar com as filas de espera e tornar a visita ao museu “mais confortável”,
anunciou esta quinta-feira o director Jean-Luc Martinez.
“O sucesso [do museu] levou ao crescimento das filas de
espera e à saturação de certos equipamentos, como os bengaleiros ou as casas de
banho”, disse Martinez à AFP. Como o nome do projecto deixa antever, um dos
principais focos é a entrada principal e mais popular do museu: a Pirâmide, do
arquitecto norte-americano de origem chinesa Ieoh Ming Pei, inaugurada em 1989.
A Pirâmide, por onde entram 80% dos visitantes, “tornou-se uma obra de arte,
central na identidade do Louvre”, diz o director do museu. “Esta maravilhosa
entrada é, por vezes, demasiado barulhenta e dá uma sensação que não estava na
intenção do arquitecto”, continua, explicando que este espaço foi projectado
para ser como uma câmara de vácuo que prepara a visita.
As obras irão organizar este lugar e desimpedir o átrio de
entrada – átrio Napoleão – de forma a torná-lo mais calmo e silencioso: vão
reagrupar-se serviços como a bilheteira e o bengaleiro, que nesta altura estão
muito próximos e sobrecarregados pelo excesso de gente.
Os trabalhos vão começar no final deste ano e prolongar-se
até 2017, mantendo-se, contudo, o museu em funcionamento.
Para além de adaptar esta entrada e a recepção ao fluxo
crescente de visitantes, o Louvre quer também adaptar-se a um público cada vez
mais diversificado: 70% das pessoas são estrangeiras, 60 a 70% entram no museu
pela primeira vez, e metade têm menos de 30 anos. “Como é que se torna o
Louvre mais inteligível para os cidadãos do mundo, que têm culturas tão
diferentes?”, interroga-se o director. A resposta parece ser simples: vai
ser acrescentada sinalética, os painéis informativos em cada uma das 404 salas
vão passar a ser trilingues (francês, inglês e espanhol) e as fichas técnicas
das obras vão ser traduzidas para inglês. Com a introdução deste idioma e do
espanhol, 98% dos visitantes conseguirá interpretar a informação.
Jean-Luc Martinez pondera, depois destas obras para
facilitar o acesso ao museu, repensar os percursos e a forma como eles estão
organizados: as separações entre pintura e escultura, a organização por
escolas...
“Nos anos 80, o museu destinava-se ao visitante que gosta do
museu e o desenho dos percursos foi feito a pensar nesse público”, diz o
director. Hoje, o público é diferente e é um desafio. Martinez diz não
haver grandes dados sobre o que procuram as pessoas: Quando se pergunta o que é que vão
ver ao Louvre?, muitas responderam: os impressionistas e Picasso” – artistas
que não têm obras neste museu francês. Parecem ter-se esquecido de que esta é a
casa da Venus de Milo ou da Mona Lisa, a obra mais
procurada do museu. “Uma grande maioria das pessoas pergunta onde está a Mona
Lisa”, contou ao jornal Fígaro Pauline Prion, responsável
pelo projecto. “Vamos simplesmente tornar a indicação mais visível, com um
cartaz enorme”.