Palácio de Queluz |
Rococó
O termo rococó forma da palavra francesa rocaille,
que significa "concha", associado a certas fórmulas decorativas e
ornamentais como por exemplo a técnica de incrustação de conchas e
pedaços de vidro, usados na decoração de grutas artificiais. Foi muitas
vezes alvo de apreciações estéticas pejorativas. Foi um movimento estético que
floresceu na Europa entre o início e o fim do século XVIII, migrando para
a América e sobrevivendo em algumas regiões até meados do século XIX.
O Rococó nasceu em Paris em torno da década de
1770 como uma reacção da aristocracia francesa contra o Barroco sumptuoso,
palaciano e solene praticado no período de Luís XIV. Caracterizou-se acima
de tudo por sua índole hedonista e aristocrática, manifesta em
delicadeza, elegância, sensualidade e graça, e na preferência por temas leves e
sentimentais, onde a linha curva, as cores claras e a assimetria tinham um
papel fundamental na composição da obra. Da França, onde assumiu sua
feição mais típica e onde mais tarde foi reconhecido como património nacional,
o Rococó logo se difundiu pela Europa, mas alterando significativamente seus
propósitos e mantendo do modelo francês apenas a forma externa, com importantes
centros de cultivo na Alemanha, Inglaterra, Áustria e Itália,
com alguma representação também em outros locais, como a Península Ibérica,
os países eslavos e nórdicos, chegando até mesmo às América.
Interior do Palácio de Queluz |
História
O rococó é um movimento artístico europeu, que aparece
primeiramente na França, entre o barroco e o Arcadismo.
Visto por muitos como a variação "profana" do barroco, surge a partir
do momento em que o Barroco se liberta da temática religiosa e começa a
incidir-se na arquitectura de palácios civis, por exemplo. Literalmente, o
rococó é o barroco levado ao exagero de decoração.
A expressão "época das Luzes" é, talvez, a que
mais frequentemente se associa ao século XVIII. Século de paz relativa na
Europa, marcado pela Revolução Americana em 1776 e pela Revolução
Francesa em 1789. No âmbito da história das formas e expressões
artísticas, o Século das Luzes começou ainda sob o signo do Barroco.
Quando terminou, a gramática estilística do Neoclassicismo dominava a
criação dos artistas. Entre ambos, existiu o Rococó. Na ourivesaria, no
mobiliário, na pintura ou na decoração dos interiores dos hotéis parisienses da
aristocracia, encontram-se os elementos que caracterizam o Rococó: as linhas
curvas, delicadas e fluídas, as cores suaves, o carácter lúdico e mundano dos retractos
e das festas galantes, em que os pintores representaram os costumes e as
atitudes de uma sociedade em busca da felicidade, da alegria de viver, dos
prazeres sensuais.
O Rococó é também conhecido como o "estilo da luz"
devido aos seus edifícios com amplas aberturas e sua relação com o século
XVIII.
Em Portugal aparece na numismática a
cerca de 1726 e prolongou-se até 1790 nos principais domínios
artísticos. Na corte e no Sul do país desaparece mais cedo, dando lugar ao
neoclassicismo. É nas províncias do Norte, particularmente Noroeste,
que se encontra a versão mais original do património artístico rococó
metropolitano, graças à talha dourada de formas «gordas» de certas igrejas do Porto, Braga, Guimarães,
etc., executada por notáveis artistas na segunda metade do século XVIII (Fr. José
de Santo António Vilaça, Francisco Pereira Campanhã, etc.) e na escultura granítica,
que decora numerosos edifícios religiosos e profanos na área: igreja da Ordem
Terceira do Carmo (1758-68) por José Figueiredo Seixas, Capela do Terço
(1756-75); em Viana do Castelo, a capela dos Malheiros Reimões, etc.
Os pintores mais representativos foram François Boucher, Antoine
Watteau e Jean-Honoré Fragonard.
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Lémbarquement pour Cythére de Antoine Watteau |
Características
O rococó tem como principais características:
- Cores
claras;
- Tons
pastel e douramento;
- Representação
da vida profana da aristocracia;
- Representação
de Alegorias;
- Estilo
decorativo;
- Possui
leveza na estrutura das construções;
- Unificação
do espaço interno, com maior graça e intimidade;
- Texturas
suaves;
- Hedonismo; (do grego hedonê,"prazer",
"vontade") é uma teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma
ser o prazer o supremo bem da vida humana.Surgiu na Grécia, e
importantes representantes foram Aristipo de Cirene e Epicuro.
O hedonismo filosófico moderno procura fundamentar-se numa concepção
mais ampla de prazer entendida como felicidade para o maior
número de pessoas.
- O significado do termo em linguagem comum, bastante diverso do significado original, surgiu no iluminismo e designa uma atitude de vida voltada para a busca egoísta de prazeres momentâneos. Com esse sentido, "hedonismo" é usado de maneira pejorativa, visto normalmente como sinal de decadência.
Escultura no jardim do Palácio de Queluz |
Escultura rococó
Devido ao grande desenvolvimento decorativo, a escultura
ganha importância. Os escultores do rococó abandonam totalmente as linhas do
barroco. As suas esculturas são de tamanho menor. Embora usem o mármore,
preferem o gesso e a madeira, que aceitam cores mais suaves. Os
motivos são escolhidos em função da decoração. Até artistas famosos,
principalmente ligados a manufactura de Sèvres apressam-se a
preparar, desenhos e modelos. Em função de lembrança, do souvenir, os pequenos
grupos representam cenas de género e narram, com linguagem espontânea e cores
luminosas, episódios galantes, brincadeiras e jogos infantis.
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Frafonard, the Swing |
Pintura rococó
A pintura do Rococó divide-se em dois campos nitidamente
diferenciados. Um deles forma um documento visual intimista e despreocupado do
modo de vida e da concepção de mundo das elites europeias do século XVIII, e o
outro, adaptando elementos constituintes do estilo à decoração monumental de
igrejas e palácios, serviu como meio de glorificação da fé e do poder civil.
Apesar de seu valor como obra de arte autónoma, a pintura
rococó era concebida muitas vezes como parte integrante de uma concepção global
de decoração de interiores. Começou
a ser criticada a partir de meados do século XVIII, com a ascensão dos ideais iluministas, neoclássicos e burgueses,
sobrevivendo até à Revolução Francesa, quando então caiu em descrédito
completo, acusada de superficial, frívola, imoral e puramente decorativa. A
partir da década de 1830, voltou a ser reconhecida como testemunho importante
de uma determinada fase da cultura europeia e do estilo de vida de um estrato
social específico, e como um bem valioso por seu mérito artístico único e
próprio, onde se levantam questões sobre estética que floresceriam mais
tarde e se tornariam centrais para a arte moderna.