o Românico TESTE recuperação| m3


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CARACTERISTICAS DO ROMÂNICO

No período românico foram usados vários tipos de abóbadas. A mais difundida foi a chamada “abóbada de berço”, que se apóia sobre dois pilares, porém a mais típica é a “de aresta”, em que duas abóbadas de berço se cruzam formando dois ângulos retos e um vão quadrado de quatro arcos: dois semi-circulares e dois elípticos.
Ao contrário da abóbada de berço que pode se apoiar nas paredes contínuas e pilares, a abóbada de aresta necessita de apoio de quatro pilares, que podem também servir de apoio a outros tantos vãos adjacentes. Portanto esta é a vantagem da abóbada de aresta, ela pode ser construída para todas as direções.
Outro elemento característico é o pilar em tramo, que é a união da abóbada de aresta com seus suportes. O típico tramo românico é definido a partir de quatro pilares dispostos nos ângulos de um quadrado, ligando-se uns aos outros com arcos semi-circulares, primeiro seguindo os lados do quadrado, depois suas diagonais. A união desses arcos com seus pilares define o espaço e a composição de uma abóbada de aresta.
No início era somente a união das arestas vivas mas, com o tempo, nessas arestas criaram-se nervuras e, quando estas seguiam os pilares até o chão, o próprio pilar que separa quatro tramos toma a forma de uma cruz com um pilar central e quatro saliências. A forma do tramo e a cruzaria das abóbadas é a mais típica expressão da arquitetura românica e tem dupla função: a estrutural e a estética.




A estrutural, que consegue suportar a carga e a pressão exercida pelos arcos descarregando nos pilares da abóbada de cruzaria, que tinha por objetivo cobrir o espaço, permitiu rasgar janelas e outras aberturas nas paredes. Quanto à estética, a repetição destes elementos constitui um organismo que determina a planta do edifício.
Mas não é só o tramo que determina a obra. A repetição da abóbada de cruzaria apoiada em pilares é uma forma estável de construir duas abóbadas em conjunto. No entanto, uma vez que uma tende a derrubar a outra empurrando os pilares para fora, a maneira de anular tal efeito é encostar um tramo ao outro. Todavia, a abóbada, por sua vez, deve apoiar-se em outro pilar ou outra coisa qualquer.
Temos, então, uma obra com pontos fracos com a sucessão de tramos: a fachada, o topo e as laterais. A solução mais simples é a da parte posterior do edifício, construindo-se capelas semi-circulares com abóbadas de meia laranja: as absidíolas. Estas, por sua vez, exercem uma contra-pressão causada pelas abóbadas de cruzaria.




Quanto à fachada, o problema é mais complicado, uma vez que ela deve ter porta de acesso. A solução mais simples encontrada pelos arquitetos românicos foi a de engrossar as paredes a ponto de garantir qualquer inconveniente. Outra, foi a construção de contrafortes; pois quando o tramo principal, ou tramos finais, se apóiam sobre a fachada, não exercem pressão sobre toda a parede, necessitando apenas de pontos que reforcem esses apoios. Pilares de grande espessura são criados nas fachadas, suportando a grande pela pressão exercida sobre eles pelo tramo final.
De acordo com a quantidade de contrafortes construídos em função do número de pilares do interior da igreja, determina-se, indiretamente, a quantidade de divisões internas, isto é, a quantidade de naves.
Quanto às laterais, se a igreja tiver um único vão, isto é, se os tramos se apóiam diretamente nas paredes, simplesmente engrossam-se as paredes ou colocam-se contrafortes em correspondência com os pontos de encontro dos vértices de cruzaria.
Porém, a igreja de nave única é rara e a forma mais típica é aquela que tem três naves ou, mais raramente, cinco, sendo uma central maior e as outras laterais menores, ou seja, a central com tramos maiores e uma ou duas menores de cada lado, apenas cobertas com abóbadas simples. A pressão das abóbadas menores em relação ao interior tenderá a contrabalançar a da abóbada principal em direção ao exterior. O fato das abóbadas serem diferentes, uma vez que as naves laterais são cerca da metade do tamanho da principal, a pressão que se exerce é reduzida. A pressão poderá ser absorvida por uma nave lateral ainda menor ou pelo espessamento das paredes ou com contrafortes construídos nas paredes laterais.
Este sistema é usado em várias igrejas. Suas variantes, que merecem especial referência, são: a lombarda, sendo seu melhor exemplo é a Igreja de Santo Ambrósio, em Milão; e a normanda, que se desenvolveu na Normandia, mas sua maior expressão encontra-se na Inglaterra



Igreja de Santo Ambrósio em Milão, depois do bombardeamento na 2ªGuerra Mundial


Aspecto depois do restauro

A Igreja de Santo Ambrósio tem um organismo construtivo completamente românico e o mais arcaico, por causa da espessura das paredes e falta de luminosidade causadas pela existência de janelas, embora grandes, somente na parede da fachada frontal, sem envasaduras laterais. As paredes laterais tinham que ser mais espessas para sustentar a pressão exercida pela abóbada da nave central em relação às naves laterais sustentadas por tramos e pilares das naves menores, também cobertas com abóbadas de cruzaria. Sobre essas colaterais repete-se a manobra, a parte alta dos tramos maiores é ladeada por uma outra nave menor construída sobre a primeira com o mesmo critério: a tribuna, em italiano ‘matroneo’, palavra que advém de antiga tradição na qual a tribuna era lugar reservado para as mulheres que freqüentavam a igreja. Outra característica é que cada tramo principal corresponde a dois tramos secundários, dado que entre pilares principais é preciso, forçosamente, se inserir um segundo pilar. Este pilar é menor, uma vez que suporta pequenas abóbadas de cruzaria. Observa-se, do interior da igreja, tal construção ritmada de pilar grande, pilar pequeno, grande, pequeno, etc. Não se trata de defeito e sim de solução adequada àquele tempo em que amavam construções ritmadamente organizadas.
O projecto do sistema normando é muito semelhante. Em lugar da tribuna, colocam-se, nos pilares dos tramos, enormes contrafortes que, por liberar a parte alta da construção, permite acrescentar o clerestório, elemento típico do românico, que na prática é um plano vertical, rasgado por janelões, entre a abóbada principal e as colaterais. Outra invenção é a abóbada de cruzaria que é dividida em seis secções, apresentando uma nervura transversal às duas diagonais. Esta nova nervura se prolonga até o chão, como as outras, converge sobre o pilar intermediário e transforma-o em pilar composto, dando um ritmo acentuado à nave. Aí se encontra aberto o caminho para um novo estilo: o gótico.
É este o organismo típico da igreja românica, em que séries de formas e funções correlacionadas criam um verdadeiro estilo, mas que não se apresenta sozinho, acrescentando-se a ele uma série de elementos decorativos.
O elemento decorativo principal, além de funcional, é o arco; quase sempre de volta perfeita, semicircular, acompanhado de moldura e com a parte inferior decorada com alternância de pedras claras e escuras ou mesmo tijolos de barro. Surge assim a bicromia.




Outro motivo decorativo e funcional é a rosácea, que permite a entrada de luz. É uma abertura redonda na parede da fachada principal, coberta por vitrais que a ornamentam. Às vezes também aparece em paredes laterais. As rosáceas, em sua maioria, são a fonte principal de iluminação natural. Era comum, na época, a confecção de janelas que correspondessem ao mesmo tempo às exigências de luminosidade, de segurança, de estética, com iluminação discreta, difusa, com abertura mínima. Surgiu a janela de voamento, que consiste em uma fresta estreita rasgada a meio de uma parede e que vai se alargando progressivamente para o interior, efeito denominado voamento simples. Quando este voamento se dá nos dois sentidos, interior e exterior, denomina-se voamento duplo. Este efeito era típico na feitura das janelas. Quanto às portas, surge, principalmente na França, o mainel (parte-luz), ou seja, um pilar esculpido que divide o vão do portal.
A todos os elementos acrescentam-se as arcarias cegas, que nada mais são do que uma fachada de pequenos arcos sob o telhado ou como moldura para separar partes da obra. Tem-se também o pórtico como um átrio que precede os portais, em que o arco de entrada está apoiado em duas colunas assentadas em esculturas de animais deitados (como leões).
A isso tudo, somam-se também, as variações das instalações em si mesmas, com adequações diversas conforme as diferentes regiões em que o românico se desenvolveu. De estilo variadíssimo, demonstram as manifestações locais com várias diferenças mais ou menos importantes, criando assim subestilos regionais.



Igreja de Auvergne

A França, exposta a diversas influências, é o estilo mais rico em soluções e aspectos locais. Na parte central, a Normandia, cria a fachada de torre dupla, uma de cada lado do corpo da construção. Este conceito foi levado mais tarde pelos conquistadores normandos à Inglaterra, onde se tornou estilo típico.
Mais ao sul, renuncia-se à abóbada de cruzaria para se adotar a abóbada de berço, ou cobertura bizantina, a chamada cúpula, em que as abóbadas de cruzaria são substituídas por várias cúpulas.
Na França surgiram várias construções com soluções complicadas, principalmente no caminho de peregrinação a Santiago de Compostela, em que se construíram igrejas com várias absides, ou absidíolas, em forma de semi-círculo em torno do altar-mor: as chamadas igrejas de capelas radiantes, dispostas ao longo de uma semicircunferência.
A máxima dificuldade e complexidade nas construções, entretanto, cabe à Alemanha. Era comum construir igrejas com cabeceiras amplas e complexas, o que também se repetia em cada lado do transepto. É típico do alemão as variadas formas de torres, quer circulares, quadradas ou octogonais, tanto na fachada como na cabeceira da construção.
A Alemanha reúne em um só corpo compositivo todos os elementos de culto. A Itália, ao contrário, separa-os. É típico da Itália a construção ser dividida: a igreja, propriamente dita, o batistério, de planta central, ao lado ou em frente ao templo e o campanário, geralmente ao lado na fachada externa da igreja.
Quanto ao corpo da igreja, prevalecem as formas simples de fachada triangular com telhado de duas águas, com as duas partes laterais muito mais baixas que a central. Diferenças decorativas são notáveis, conforme a região do país, como filas de arcaturas sobrepostas nas fachadas, em Pisa e em Lucca, incrustrações de mármores coloridos nas construções florentinas e decorações islâmicas combinados com alvenaria românica na Sicília.
Outras soluções não menos interessantes foram encontradas na Inglaterra, sob a influência normanda, mas criando uma versão original pela imponência do edifício. Foi na Inglaterra que surgiram as primeiras abóbadas de nervuras e a criação da capela da Virgem, dedicada ao culto de Maria, quase uma outra pequena igreja independente junto ao corpo da igreja principal. É na Inglaterra que o transepto tende a duplicar de tamanho e este traçado tornar-se-á padrão na época seguinte.
Três outros elementos surgem em todas as regiões, não podendo ser atribuídos a qualquer escola local, mas muitíssimo freqüentes. O primeiro é a ocorrência de pilares em alternância, grandes e pequenos. O segundo é a presença da cripta, que é uma pequena igreja com abóbada de cruzaria na parte subterrânea, para a guarda de relíquias de santos e tesouros. Em terceiro, a existência de igrejas redondas dedicadas ao Salvador e talvez construídas seguindo o modelo da Igreja da Paixão em Jerusalém, que constitui uma versão especial do estilo românico.
Além de igrejas, embora em número menor, existem castelos e alguns palácios nesse estilo. Porém a definição de românico não se aplica muito bem a eles, uma vez que essas construções não têm, sobretudo, o cunho religioso.

A ESCULTURA

A arte na Idade Média e suas representações, não eram consideradas expressões independentes. O edifício românico era pensado em três partes: arquitetônica, escultórica e pinturesca.
Nas construções, a escultura está reservada para alguns núcleos funcionais: as portadas de acesso, os ambões, capitéis, cornijas e suporte de portas.
O portal pode ser único pela nave central, ou mais de um dando acesso às colaterais e ao transepto. O vão central pode ou não ser dividido por uma coluna esculpida. A parte superior do portal é decorada por um tímpano esculpido com vários motivos. O portal é cortado em voamento.
O tímpano interno é esculpido com a figura de Cristo entronizado (Majestas Domini). A parte inferior, com figuras de lutas de animais (bem–mal), motivos geométricos ou personagens estilizadas. O que interessa é o fato e não o indivíduo.
O capitel é quase sempre esculpido com cenas bíblicas, figuras de artesãos, cotidiano, monstros, ou mesmo figuras alegóricas e inventadas.
Esculpe-se em baixo e em alto relevo os capitéis, as galerias de circulação e a arquitrave.
As portas nem sempre são decoradas, pois que eram de bronze e a técnica não estava tão difundida igualmente em todas as regiões. Mas, quando aparece, usa-se temas religiosos e moldurados por motivos geométricos e cabeças de leão.
Os escultores faziam também o registo, que é uma faixa horizontal comprida, não muito alta, separada do resto da superfície por uma moldura de perfil decorado que servia para dar seqüência ao relato das imagens.
A função dessa decoração era doutrinar as pessoas analfabetas nos ensinamentos do Evangelho (Biblia Pauperum).
Como características gerais, não havia relação do personagem com a realidade, daí as deformações, as transposições simbólicas e a mistura do aspecto real e fantástico. As figuras são postas lado a lado sem qualquer relação, numa tentativa de criar um espaço tridimensional. Nos tímpanos e capitéis aglomeram composições cheias de ritmo, simbólicas ou expressivas, mas não realistas.
A escultura românica não se limita às grandes obras, mas também se aplica a pequenas peças de ourivesaria, frontais de altares, relicários e crucifixos.

A PINTURA

Muito se perdeu do que se refere à pintura românica. No entanto, o que chegou até nós em representações, desde de painéis, murais, frescos e ilustrações em livros, é o que melhor havia.
Os temas são quase sempre iguais e comuns à escultura da época, respeitando a religiosidade, evangelização e promulgação da fé através de cenas bíblicas do Antigo e Novo Testamento, vida de santos, ilustrações de atividade do cotidiano, acontecimentos lendários ou glórias passadas.
Os meios expressivos da pintura, tal como toda a arte do período, se preocupa mais com o efeito do que com a elegância, mais em relatar o feito do que em decorar. Usa cores vivas, figuras desajeitadas, mas de grande expressividade. Os pintores não se preocupavam em pintar de maneira realista o fundo onde se moviam as personagens. Não se preocupavam com a perspectiva. O ambiente citadino ou mesmo natural era representado por símbolos. Uma planta podia representar o Jardim do Éden, por exemplo. Também não se preocupavam com a manifesta irrealidade daquilo que desenhavam. Ao contrário, além de deformar a figura, davam mais expressividade aos gestos para tornar evidente, através do exagero, as situações desejadas.
Um dos elementos característicos das pinturas românicas era a composição estilizada com figuras dispostas sempre da mesma maneira, em seqüência horizontal, ou simetricamente dispostas em torno de um ponto de interesse geral. A composição da pintura gira em torno de um núcleo de linhas, de massas ou cores que constituem um esquema. Esse esquema é representado em vários casos com figuras geométricas como triângulos, quadrados ou círculos. As linhas ou curvas da construção de uma obra são quase sempre organizadas em conjuntos de formas geométricas. As cores são vivas ou suavizadas por uma gama de tons.
As pinturas nas igrejas chegaram até nós nas suas paredes principais e absides. O tema sempre é o Cristo Vencedor, entronizado, o Cristo Pantocrátor. À sua volta, multidões de santos, anjos, pessoas e potestades infernais. Nas paredes da nave, procissões de santos ou passagens bíblicas, dominadas por grandes figuras ou mesmo de imagens menores compondo registos sobrepostos. Na Itália, país influenciado pelo mundo bizantino, as pinturas são freqüentemente substituídas por mosaicos de fundo dourado de origem oriental.
As miniaturas fazem parte da pintura românica de tal forma que os esquemas e influências de uma atividade refletem na outra. A ilustração de livros é freqüentemente usada para evidenciar e ornar um episódio. A decoração das letras iniciais dos capítulos ou dos parágrafos é uma característica desta arte de grande fantasia, vivacidade e colorido, de habilidade de condensação em um espaço exíguo e destreza de execução.
O românico demonstra assim um coerente valor expressivo em todos os campos.
O MOSTEIRO

O Monaquismo cristão nasceu no Oriente, no Egipto, com as primeiras comunidades cristãs – os coptas. Nasce ligado ao desejo de isolamento de evasão do mundo profano – fuga mundi –, para uma entrega mais directa a Deus, através do ascetismo, isto é, da meditação e da contemplação, por esse motivo, a grande maioria dos mosteiros encontrava-se instalada em zonas isoladas, no alto das montanhas ou em vales e clareiras das florestas. 
No ocidente, o monaquismo apareceu mais tarde, por finais do século V, por iniciativa dos bispos e enquadrado no clero secular. Contudo, a partir do século VI e VII, o monaquismo ganha uma vertente mais introspectiva com a fundação da Regra de S. Bento de Núrsia. Os regulamentos que este escreveu para os seus cenobitas (monges) em 529, na abadia de Montecassino (Itália), serviram de modelo para a organização da vida religiosa comunitária na maior parte dos mosteiros medievais. Como São Bento definia na sua Regra, o mosteiro era “uma escola ao serviço do Senhor” e cuja comunidade tinha por princípios básicos os da obediência, silêncio e humildade, na ordem de Deus. A primeira obrigação dos monges era o ofício divino (oração), ao qual nada se devia sobrepor, mas os irmãos possuíam outros deveres: copiar as Sagradas Escrituras no scriptorium, tarefa que estava a cargo dos monges copistas, e administrar os campos dos seus domínios.
Depois de São Bento, os mosteiros foram centros de produção cultural, locais de redacção e ilustração de manuscritos e focos de irradiação religiosa. Este monge conciliou a necessária autoridade do abade com a fraternidade que facilitam a obediência. Os regulamentos beneditinos não esqueciam, assim, de definir os cargos e tarefas de cada um na comunidade, sempre escrupulosamente hierarquizados, e de estabelecer um código penal para os faltosos e não cumpridores.
Estes mosteiros eram concebidos como pequenos mundos autónomos e auto-suficientes, virados para o interior e fechados ao exterior, centros de oração, meditação e ascese, os mosteiros deste período foram muito mais do que isso. Beneficiados por condições estruturais a nível económico, social, político e cultural que para ele canalizaram grandes riquezas, captadas através das dízimas e das rendas fundiárias, os mosteiros puderam transformar-se em centros dinamizadores da economia: difusores de técnicas agrícolas inovadoras, incentivadores do artesanato e do comércio. Para além disso, os mosteiros deste período, foram acima de tudo centros de produção cultural de teologia e de letras, exercendo um papel civilizacional.
Durante a Idade Média, os mosteiros foram, sem dúvida, os grandes centros culturais, principalmente na Península Ibérica e Itálica, pequenas ilhas num mar marcado por guerras e invasões, onde o saber letrado e o poder da escrita continuavam a imperar. Sem dúvida, este período contrasta profundamente com a Antiguidade Clássica, que havia sido um mundo alfabetizado, com escolas e bibliotecas públicas em todas as cidades.
Deste modo, acentuou-se por todo o ocidente medieval, uma notória disparidade cultural entre a cultura latina (escrita em latim), cada vez mais restrita ao âmbito religioso e a um escol muito pouco numeroso de intelectuais e a cultura das massas, medíocre, barbarizada e oral.
O poder da escrita residia, assim, quase exclusivamente na Igreja que procurava guardar e limitar o conhecimento humano, impondo ao homem medieval os seus dogmas e a sua visão do mundo. Por este motivo, todos as obras que não estavam em conformidade com a visão oficial de Roma, isto é, com as Sagradas Escrituras, nomeadamente aquelas que haviam sido escritas pelos autores clássicos: Horácio, Virgílio, Platão e Aristóteles, entre outras, eram secretamente guardadas e excluídas do grande público letrado de então. Temia-se o conhecimento e a subversão ideológica.

Ana Lídia Pinto, História da Cultura e das Artes, Porto, Porto Editora, 2007
Jacques le Goff, A Civilização do Ocidente Medieval, Lisboa, Editorial Estampa, 1994    

1.   Caracteriza a importância do mosteiro durante a Idade Média.

 O Nome da Rosa, de Umberto Eco


Capa e cena do filme O Nome da Rosa, de Jean-Jacques Annaud

O livro dá-nos a conhecer de uma forma expressiva o que era viver num mosteiro medieval. O tema central do romance é a liberdade de estudo e de ensino, a livre circulação do conhecimento. Mergulhada em obscurantismo durante séculos, os mosteiros cristãos constituíam fortalezas onde o conhecimento era preservado com imensas dificuldades. Dado a inexistência da imprensa, os livros tinham de ser copiados à mão por monges dedicados; em consequência, os livros eram bastante raros e de difícil acesso. A ideia ainda hoje popular de que os antigos eram muito sábios resulta em parte da falta de circulação do conhecimento que persistiu até à revolução científica dos séculos XVII e XVIII. Newton, por exemplo, teve por várias vezes a experiência de fazer redescobertas matemáticas que tinham sido conhecidas séculos antes, mas que entretanto se tinham perdido por falta de circulação do conhecimento. Evidentemente, havia outros obstáculos à livre circulação do conhecimento, na Idade Média, além do problema tecnológico de não existir ainda a imprensa. Um dos mais importantes, tema central deste livro, era o dogmatismo religioso, que encarava o conhecimento como potencialmente perigoso. O romance de Umberto Eco apresenta-se como um livro de detectives: uma série de misteriosas mortes afectam um mosteiro e o protagonista tem por missão descobrir a verdade, um pouco ao estilo de Sherlock Holmes. O contraste entre as novas ideias mais abertas e racionais, mais voltadas para a experiência empírica, e os velhos hábitos fechados e místicos, de costas voltadas para a informação que podemos obter pela experimentação cuidadosa, desempenha também um importante papel no romance. Como é também costume nas histórias de Sherlock Holmes, as mortes a investigar têm à primeira vista um aspecto sobrenatural, mas no fim acaba por haver uma explicação muito humana, demasiado humana, de todas as mortes. Entretanto, o leitor fica preso da primeira à última página, precisamente para saber como se resolve o mistério. As mortes são o resultado do dogmatismo religioso de um monge, apostado em impedir que um livro julgado perdido de Aristóteles, sobre o riso, possa ser conhecido. E este é um dos aspectos mais profundos e bem conseguidos do romance: poderia pensar-se que matar outras pessoas por causa de um livro sobre o humor não passa de invenção de um romancista ocioso, mas isso seria ignorar que a maior parte dos crimes que assolam a humanidade têm por base o dogmatismo intolerante de quem pensa ter o monopólio da verdade e o direito de a impor aos outros.
A imaginação fervilhante do autor acaba por vezes por ser labiríntica, levando a que quase se perca o fio da história. Mas a bondosa relação do protagonista com o seu discípulo, a sua defesa da racionalidade límpida e sem cedências, a oposição ao dogmatismo que procurava fazer paralisar o conhecimento — todos estes elementos fazem deste romance uma experiência inesquecível.

2.    Depois da leitura do texto e do visionamento do filme O Nome da Rosa, responde às seguintes questões.
·         Identifica a Ordem do mosteiro em questão.
·         Refere a Ordem Religiosa à qual Guilherme de Baskerwill pertencia.
·         Estabelece as principais diferenças entre as duas ordens.
·         Identifica o autor proibido.
·         Justifica porque motivo um livro desse autor era proibido.
·         Define scriptorium.
·         Avalia as diferentes posturas, relativamente à explicação dos crimes. 
·         Refere as diferentes classes presentes no filme, relatando um episódio.

A desagregação do Império Romano
Dois movimentos conjugados contribuíram para a desagregação do Império Romano: o Cristianismo e as Invasões Bárbaras. O primeiro, provocou uma alteração muito significativa no campo das mentalidades, pois introduziu uma nova visão da religiosidade, e não só, chegou mesmo a propor uma nova e revolucionária organização social. O segundo, gerou uma disposição nos espaços do antigo Império, a pouco e pouco, a unidade política que Roma havia construído deu lugar a uma fragmentação territorial, assistindo-se assim, à génese de muitos dos actuais países europeus, que resultaram directamente da síntese cultural que foi feita entre a cultura do Império e a cultura dos povos invasores.
A vida material também sofreu importantes alterações estruturais. Com o fim das vias de comunicação, sobretudo das estradas romanas, surgiu uma nova organização económica que, ao contrário da anterior, era pobre, pouco dinâmica, insegura e ineficaz. Logicamente, esta desorganização das trocas fez aumentar a fome e a fome levou as massas para os campos e submeteu-as à servidão perante os dadores de pão, os grandes proprietários.

Baseado em Jacques Le Goff, A Civilização do Ocidente Medieval, Lisboa, ed. Estampa, 1994





O mosteiro

O monaquismo cristão surgiu no Oriente, no século IV. Nasceu ligado ao desejo de isolamento e de evasão do mundo profano. No Ocidente, o monaquismo apareceu mais tarde, no final do século V, por iniciativa dos bispos. A partir do século VI, surgiram os primeiros legisladores da vida religiosa comunitária como são Bento. Os regulamentos que este escreveu para os cenobitas (monges), serviram de modelo à grande maioria dos mosteiros europeus. Isto deveu-se ao rigor e espírito de perfeição posto por São bento na sua regra. (…)
Os mosteiros eram concebidos como pequenos mundos autónomos e auto-suficientes, virados para o interior e fechados ao exterior. Centros de oração, meditação e ascese, os mosteiros deste período foram muito mais do que isso. Beneficiados pelas condições da época, os mosteiros transformaram-se em centros dinamizadores da economia. Mas o seu principal papel foi no campo cultural, centros privilegiados de produção intelectual, os seus habitantes transformaram-se nos principais guardiães do saber erudito durante a Idade média, de facto, os mosteiros representaram durante esta cronologia, os principais centros de difusão cultural.

Baseado em Ana Lídia Pinto, História da Cultura e das Artes, Porto, Porto editora, 2007
doc3
Jihad

Ó crentes! Ponde-vos em guarda! Lançai-vos contra os vossos inimigos em grupos ou em blocos. (…) Àqueles que combatem na senda por Allah, quer estejam mortos, quer estejam vitoriosos, conceder-se-á uma enorme recompensa. Como não combatereis na senda de Allah, em favor dos homens débeis, das mulheres e das crianças que dizem: “Senhor nosso! Irai-nos deste povo cujas sendas são injustas! Dai-nos um chefe designado por Voas! Dai-nos um defensor designado por Vós.
Corão, 4, 73 
As cruzadas

Ela é verdadeiramente santa e segura essa cavalaria (…) desde que combata por Cristo (…) para os cavaleiros de Cristo, é em toda a segurança que combatem pelo senhor sem temor de pecar por matar os seus adversários, nem de se perderem, se morrerem eles próprios. Quer dêem a morte quer a sofram, é sempre uma morte por Cristo, não tem nada de criminoso e é muito gloriosa: com efeito se matam fazem-no pelo Senhor, se morrem, o Senhor está com eles.

S. Bernardo de Claraval, Elogio da Nova Milícia (1091/1153)


3.   Dos referidos documentos, selecciona dois e elabora um comentário tendo em conta os pontos abaixo mencionados.

Doc 1 A desagregação do Império Romano

  • As principais rupturas provocadas pelo Cristianismo no campo das mentalidades.
  • O contributo das invasões bárbaras para a configuração espacial do Antigo Império Romano.
  • As invasões Bárbaras e a desagregação das antigas estruturas romanas.
  • O nascimento da Idade Média e da sociedade feudal.

Doc 2 Os mosteiros na Idade Média

o   Os mosteiros e o isolamento da vida mundana.
o   As vivências internas – a Regra seguida pelo mosteiro.
o   O seu papel enquanto centros difusores e centros limitadores de transmissão cultural.
o   O mosteiro enquanto instituição feudal.

Doc 3 A Jihad e as Cruzadas

  • Os confrontos entre o mundo ocidental e o Islão durante a Idade Média.
  • A atitude religiosa das religiões em confronto.
  • A difusão e a imposição da palavra de Deus.
  • Os principais problemas que esta questão ainda coloca nos dias de hoje.




                                                                                                    

4.     PLANTA DE CATEDRAL 

  • Faz a legenda da imagem.
  •  Justifica a construção do deambulatório.
  •  Apresenta as principais características da decoração exterior das catedrais românicas.
  • Descreve o românico português.

4.1. ESCULTURA / RELEVO E PINTURA ROMÂNICA

a)    Diz o que entendes por Relevo
b)    Apresenta as diferenças entre Alto e Baixo Relevo.
c)    Refere as principais características presentes na forma de tratar o homem durante a Idade      Média (Românico), Justifica.
d)    Apresenta as principais características da pintura parietal Românica
e)    Preenche os espaços em branco.





 “O mosteiro é uma escola ao serviço do Senhor…
Ora e labora”

5. Comente a afirmação de São Bento







6. O estilo românico é um estilo de arquitectura caracterizado por (assinale cos números das respostas certas)
  1. Construções austeras e robustas.
  2. Com paredes finas com grandes janelas
  3. Igrejas pouco iluminadas, com minúsculas janelas.
  4. Uma das funções destas estruturas era a de resistir aos ataques dos inimigos
  5. Apresenta formas complexas e muito decoradas.
  6. Os edifícios apresentam uma decoração muito simples e pouco requintada.
  7. Igrejas altas, com luz e paredes sem contrafortes.
  8. A planta em cruz latina representa a cruz onde Jesus Cristo foi morto.
  9. A pressão contínua exercida pela abóbada da nave central é descarregada, através dos arcos, para os pilares e transmitida, igualmente sobre as naves laterais para as paredes exteriores do edifício.





7. Justifica a função dos castelos durante a Idade Média.
8.     Refere a classe social que habitava esse espaço.
9.Identifica nas imagens os seguintes espaços: torre, torre de menagem, torre de atalaia, muralhaadarve e alcáçova.
9.1. Define Torre de Menagem ou Homenagem.
9.2. Diz o que entendes por Alcáçova e Medina.

10.Desenha uma estrutura onde apresentes: seteiras e ameias.
11. Refere os diferentes tipos de arquitectura militar existentes no nosso País.
12.Identifica o nome de duas Ordens Religiosas que se tenham estabelecido em Portugal.
13Refere em que zonas do País podemos encontrar os seus testemunhos históricos.
14.Diz o que entendes por Guerreiros Monge.

15. 



·                     Elabora a legenda da seguinte imagem
·                     Refere o nome desta planta
·                     Identifica as partes que compõem o alçado da nave principal
·                     Descreve o sistema de iluminação da catedral românica
·                     Sob o ponto de vista arquitectónico, salienta as principais          características do românico.






16.Lê com atenção a seguinte frase:

A escultura românica apresenta uma função didáctica e pedagógica”

 Justifica a frase, apresentando as principais características da escultura românica.